Morte de juiz conservador acrescenta elemento ao circo da política americana

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 16/02/2016 10h08
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EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS Flores e velas em frente à Suprema Corte dos EUA no domingo após morte do juiz conservador Antonin Scalia

Para quem acompanha mais à distância a política americana, o foco das atenções é o circo das primárias presidenciais que tem Donald Trump no centro do picadeiro. Mas desde sábado, o espetáculo ficou ainda mais complexo e nada circense, ficou muito mais dramático. Isto porque morreu o juiz Antonin Scalia, o ícone conservador da Corte Suprema, uma corte suprema com nove juízes e polarizada, mas com ligeira vantagem para os conservadores sobre os liberais. Começou a batalha sobre a sucessão de Scalia. O presidente nomeia e o Senado aprova. Obama é o presidente democrata e o Senado tem maioria republicana e o traçado do jogo está claro.

Os republicanos querem adiar até mesmo o debate sobre o nome do Obama para depois da escolha do novo presidente em novembro e obviamente esperam que seja um republicano. Democratas estão obviamente furiosos e exigem que tudo aconteça rapidamente. E qual é a aposta? Que os republicanos sofram um desgaste com esta atitude que colide com a praxe constitucional e percam a maioria em novembro.

Portanto este é o cenário: 2016 é um ano de alta ansiedade, com muito em jogo nos três Poderes no mais poderoso país do mundo, na mais poderosa democracia do mundo. Não há chance da reversão em novembro na Câmara, de controle republicano. Mas isto é plausível no Senado, onde estarão em jogo 34 das 100 cadeiras. E por que os republicanos estão mais vulneráveis? Mais cadeiras republicanas estão em jogo. Na atual sessão, os republicanos têm 54 cadeiras e os democratas junto com dois independentes tem 46. Precisam conquistar pelo menos quatro para virar o jogo.

O vice-presidente do país é também o presidente do Senado, ou seja, voto de minerva. Claro que nos cálculos é precisa levar em conta qual partido vai eleger a chapa presidencial em novembro.

Nao vou aqui entrar em detalhes sobre disputa de 34 cadeiras do Senado americano, mas para resumir: em sete delas há boa chance de virada de jogo para os democratas. A campanha nestes campos de batalha será simplesmente sangrenta. Em eleições nas quais estão em jogo o Congresso e também a Casa Branca, os eleitores democratas comparecem em maior número.

Com este drama para virar o jogo no Senado e assegurar um juiz mais liberal na Corte Suprema, podemos garantir que a mobilização será mais intensa do que nunca entre os democratas. O mesmo claro vale para os republicanos. Para eles, o grande prêmio seria ter o controle do Executivo e do Legislativo, com a balança do Judiciário pendendo para os conservadores.

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