A mulher se cansou das flores, mas e a poesia?

  • Por Jovem Pan
  • 08/03/2017 12h16 - Atualizado em 04/04/2017 16h33
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Piotr Lewandowski/Freeimages Mulher com flores - rosa - freeimages

Hoje é dia Internacional da Mulher e ficou claro no Jornal da Manhã que a mulher se cansou das flores. Movimento mundial da mulher querendo mostrar para o mundo que “chega de flores”.

Há motivos: matéria da Folha destaca a humilhação que é a violência contra a mulher: ameaças, chutes, perseguição, ofensas.

Não apenas no campo sexual ou da violência, mas da economia: a redução do salário. O Jornal da Manhã mostrou testemunho de uma mulher que foi excelente na entrevista até o momento em que informou que tinha filha de 11 meses.

Mas como fica a rerum natura, a natureza das coisas? A mulher é a irmã, a mãe, a filha, a prima, a tia, a avó, a namorada. E portanto a esposa. E portanto, a mãe de família.

Os romanos tinham muito respeito pela mulher: “só a mulher era certa”. “Mater certa; Pater incertus est“”. Sempre se sabe quem é a mãe.

Acabam os sonetos, os versos, acabam as novelas da Globo, o amor vai para onde?

Essa que passa por aí, senhores,

de olhos castanhos e fidalgo porte,

é a princesa ideal dos meus amores,

a mais franzina pérola do Norte.

 

Contam que, numa noite de esplendores, 

a essa que esmaga o coração mais forte

hinos cantaram e jogaram flores 

as estrelas, em mágico transporte.

 

Acreditais, talvez, ser fantasia!…

Eu vos direi que não… Em certo dia,

quando ela entrou na festival capela,

 

eu vi a Virgem mergulhada em pranto,

e o Cristo de Marfim fitá-la tanto, 

como se fosse apaixonado dela!

(“Santa”, de Hermeto Lima)

Tudo isso acaba?

Qual é a finalidade da vida? Só produzir parafusos, galochas e máquinas? Essa era a tese de Marx – a história dos povos era a história econômica

Acaba o cruzamento de olhar de jovens onde nasce o amor que vai florescer num lar, na construção de uma família e no nascimento de uma criança?

Ou vale o princípio metafísico de que há um princípio e uma finalidade na vida? Porque o fim é o princípio de todas as coisas.

Vamos só disputar produção? O homem e a mulher tornam-se mão e boca. Acaba a essência da vida.

E nós mandamos para o espaço a poesia.

De Paulinho da Viola:

Tá legal, eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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