A mulher se cansou das flores, mas e a poesia?
Hoje é dia Internacional da Mulher e ficou claro no Jornal da Manhã que a mulher se cansou das flores. Movimento mundial da mulher querendo mostrar para o mundo que “chega de flores”.
Há motivos: matéria da Folha destaca a humilhação que é a violência contra a mulher: ameaças, chutes, perseguição, ofensas.
Não apenas no campo sexual ou da violência, mas da economia: a redução do salário. O Jornal da Manhã mostrou testemunho de uma mulher que foi excelente na entrevista até o momento em que informou que tinha filha de 11 meses.
Mas como fica a rerum natura, a natureza das coisas? A mulher é a irmã, a mãe, a filha, a prima, a tia, a avó, a namorada. E portanto a esposa. E portanto, a mãe de família.
Os romanos tinham muito respeito pela mulher: “só a mulher era certa”. “Mater certa; Pater incertus est“”. Sempre se sabe quem é a mãe.
Acabam os sonetos, os versos, acabam as novelas da Globo, o amor vai para onde?
Essa que passa por aí, senhores,
de olhos castanhos e fidalgo porte,
é a princesa ideal dos meus amores,
a mais franzina pérola do Norte.
Contam que, numa noite de esplendores,
a essa que esmaga o coração mais forte
hinos cantaram e jogaram flores
as estrelas, em mágico transporte.
Acreditais, talvez, ser fantasia!…
Eu vos direi que não… Em certo dia,
quando ela entrou na festival capela,
eu vi a Virgem mergulhada em pranto,
e o Cristo de Marfim fitá-la tanto,
como se fosse apaixonado dela!
(“Santa”, de Hermeto Lima)
Tudo isso acaba?
Qual é a finalidade da vida? Só produzir parafusos, galochas e máquinas? Essa era a tese de Marx – a história dos povos era a história econômica
Acaba o cruzamento de olhar de jovens onde nasce o amor que vai florescer num lar, na construção de uma família e no nascimento de uma criança?
Ou vale o princípio metafísico de que há um princípio e uma finalidade na vida? Porque o fim é o princípio de todas as coisas.
Vamos só disputar produção? O homem e a mulher tornam-se mão e boca. Acaba a essência da vida.
E nós mandamos para o espaço a poesia.
De Paulinho da Viola:
Tá legal, eu aceito o argumentoMas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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