Mundo e EUA tentam absorver o “risco Trump”

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 15/11/2016 07h33
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CDA048. LAS VEGAS (EE.UU.), 19/10/2016.- El candidato a la Presidencia de EEUU por el partido Republicano Donald Trump durante el debate con su rival demócrata Hillary Clinton hoy, miércoles 19 de octubre de 2016, en la Universidad de Nevada en Las Vegas (EE.UU.). EFE/JIM LO SCALZO EFE/Jim Lo Scalzo Donald Trump EFE

Uma semaninha da eleição americana e o mundo tenta absorver o choque, o risco Trump. Partidários do presidente eleito dos EUA fazem chacota de jornalistas e das elites analíticas que não anteciparam e subestimaram o fenômeno.

Ok, eu tomo nota da chacota e vou adiante com um dos meus gurus analíticos, Ian Bremmer, da consultoria de risco Eurasia, que, como tantos, não esperava a vitória de Trump na eleição da terça-feira passada.

Bremmer publicou uma trolha neste começo de semana sobre o furacão ou o que ele chama de tempestade perfeita. Neste boletim vou ficar com o impacto doméstico.

Bremmer é cerebral. Ele diz que existe um “razoável caso” para otimismo diante do foco econômico de Trump em empregos e infra-estrutura, ao lado de cortes significativos de impostos.

Claro que é fantasia imaginar que haverá equilíbrio orçametário, como promete Trump, mas em contrapartida pode haver uma significativa expansão econômica (para os padrões de economia madura). Digamos, algo como crescimento de 2,5%.

Entre os preços desta expansão, teremos inflação e juros mais altos. Países emergentes como o Brasil já sentem intensamente o risco Trump. O presidente eleito desafia as convenções e seu foco em infra-estrutura com cortes de impostos é uma mistura do democrata Franklin Roosevelt com o republicano Ronald Reagan.

Na política, menos razões para otimismo. O foco de preocupação: o investimento de Trump na política de identidade. Não há como se acalmar em meio às palavras anódinas de Trump sobre conciliação ou união nacional.

Bremmer alerta que será uma atmosfera carregada no país em questões como imigração (deportação de ilegais) e muçulmanos (tratados em geral como ameaça à segurança nacional).

Dá para antecipar, então, o que Trump fará quando sua taxa de aprovação despencar (ele que é tão obcecado com sua imagem). Vai se tornar ainda mais furioso contra os suspeitos habituais e entre eles obviamente a imprensa.

E aqui ronda o medo sobre os pendores autoritários e sinistros de Trump, que ficaram tão flagrantes quando aceitou a indicação presidencial na convenção republicana de julho.

Na quarta-feira, eu falo mais do ambiente externo neste início da era Trump. No entanto, eu posso antecipar que para Ian Bremmer, da consultoria Eurasia, serão dias voláteis, tanto dentro, como fora de casa.

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