Muro de fantasias de Trump é mais alto
Donald Trump não deixa por menos. Na semana seguinte ao vexame da saúde, ou seja, o fracasso republicano para derrubar o Obamacare, o presidente está cheio de energia, movido a fantasias.
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É mais uma semana agitada no esforço trumpesco para desmantelar o legado ambientalista do antecessor Barack Obama. E a ferramenta de Trump é a ordem executiva, de valor mais simbólico do que efetivo. Flanqueado por executivos e mineiros de carvão (imagem bem sintomática do seu populismo), Trump assinou na terça-feira o decreto que anula os esforços de Obama contrários à indústria de carvão.
O novo governo é hostil ao compromisso global para a redução da emissão de dióxido de carbono. Na expressão do New York Times, Trump “converte o negacionismo da mudança climática em política nacional”.
O Wal Street Journal é um jornal hostil ao esforço ambientalista, mas é realista. Também investe contra a fantasia política e económica de Trump. Seu artigo principal na edição impressa de quarta-feira ressalta que, embora a política energética de Trump seja apregoada como a salvação de empregos, as companhias do setor e especialistas em energia reconhecem “ser improvável que reverta” a guinada americana para outras fontes de energia, a destacar gás natural.
O inimigo não é o lobby ambientalista, mas a realidade da economia de mercado. A ofensiva de Trump contra o meio-ambiente, porém, deve gerar alguns empregos…de advogados. Serão anos de litígio para desmantelar o edifício de regulamentações no setor.
E temos o muro. Nada move tanto o espírito empreendedor de Trump. As primeiras propostas para o tal do “grande e bonito muro” na fronteira com o México foram apresentadas na quarta-feira. Aqui também é um castelo de areia, nada tão concreto assim. O Departamento de Segurança Doméstica solicitou projetos que devem ser imponentes, impenetráveis e “bonitos’, ao menos do lado americano.
E esta beleza de três mil quilômetros de extensão e custo de bilhões de dólares, segundo promessa de campanha de Trump, deve ser paga pelos mexicanos. Difícil imaginar o Congresso aprovando a verba dos sonhos de Trump.
E um fato concreto. Os mexicanos perfazem metade dos imigrantes ilegais nos EUA, mas os números diminuem. Por uma projeção revelada na semana passada, por volta de 2050 quase nenhum mexicano em idade de trabalho deverá atravessar a fronteira ilegalmente.
Talvez seja exagero, mas o muro de fantasias de Trump é muito mais alto.
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