Na Argentina, o negócio é olhar adiante
Mauricio Macri tira foto com estudantes em Buenos Aires
EFE- Mauricio Macri tira foto com estudantes em Buenos AiresNem compensa matutar sobre a Venezuela, afinal acabei de ler a história sobre o confisco chavista de quatro milhões de brinquedos de uma fábrica para distribuição no Natal. Sobre o Brasil, eu não tenho presentes noticiosos a oferecer. Então, vou dar uma passada na Argentina para checar se existe algo promissor para reportar na América do Sul… não muito.
O Financial Times foi uma das publicações que saudou, e com razão, a chegada de Mauricio Macri ao poder um ano atrás. O relato neste final de 2016 tem um tom melancólico mas não devastador. Macri convocou o ministério na semana passada para um retiro espiritual e não precisou refletir muito para admitir que gerara expectativas irrealistas de mudanças.
O peso da crise econômica é imenso e Macri, embora tenha a legitimidade do voto, não tem, ao contrário de Michel Temer, maioria no Congresso. Ele espera consegui-la nas eleições parlamentares no ano que vem e assim aprofundar reformas.
O negócio é olhar adiante, pois 2016 não foi o que se vendera. Havia as garantias do governo Macri de recuperação no segundo semestre do ano. No entanto, em outubro, a produção industrial despencou 8% em relação ao mesmo período em 2015 e a construção civil teve um tombo de 19%.
No final das contas, é a expressão traduzida em tantas línguas. Existe uma herança maldita da era Kirchner, devido ao estrago populista causado à economia. Apesar do quadro decepcionante do primeiro ano de administração Macri, existe a projeção de alguma recuperação em 2017. Porém, deverá ser menos pífia do que a brasileira, algo na faixa de 3%.
Na frente política, existe este desejo de conquistar maioria no Congresso, mas a oposição se mostra mais desenvolta na movimentação para obstruir o programa de reformas de Macri, que, mesmo sem maioria, conseguiu a aprovação de 70 leis este ano.
E ansioso para mostrar serviço para a população, houve baixa dos juros, embora economistas consultados pelo Financial Times tenham alertado que a medida foi prematura diante do fantasma inflacionário (40% em 2016). Ademais, projetos de “emergência social” foram aprovados com a benção do papa Francisco.
Apesar de tudo, a taxa de aprovação de Macri continua decente (acima de 50%) e não foi registrado em 2016 um quadro de instabilidade social, algo de se esperar com o peronismo agora na oposição.
Espera-se algo melhor em 2017, especialmente se o parâmetro for 2016. Ironicamente, nas projeções mais otimistas argentinas existe a aposta de uma melhoria no cenário do vizinho brasileiro. Mas, nada fácil confiar em alguns parceiros para o tango.
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