Na hora da crise, não se conhece a história de vice ajudando desesperadamente um presidente

  • Por Jovem Pan
  • 09/04/2015 19h36
Foto: José Cruz/Abr Presidenta Dilma

Pergunta: A entrega, pela Dilma, da articulação política com o Congresso ao seu vice, Michel Temmer, é realmente a jogada ousada e genial que o Renan Calheiros usou para definir sua reação?

Resposta: No fim do último comentário que fiz sobre a crise das relações institucionais no governo Dilma, eu fiz uma brincadeira, dizendo que pelo menos um ministério foi extinto.

É claro que ficou faltando extinguir mais pelo menos uns 25, mas a piada continua valendo, porque é a única vantagem que eu vi até agora, porque veja bem, primeiro. O epísódio desconhece a tradição da vice-presidência, que é uma tradição da democracia americana. É uma tradição presidencialista e do presidencialismo americano, da substituição do presidente por um step, que fica lá parado.

Essa tradição criou em todos os países onde ela acontece a tradição também de que o vice, que está em uma expectativa de poder, permanecerá sempre na expectativa de uma morte, como foi a de Kennedy para um Johnson, ou de uma renúncia, como foi a de Ford para Nixon, ou a de Itamar depois do Collor.

Não se conhece a história de vice ajudando desesperadamente um presidente em uma hora de crise. Não estou dizendo que o Temer seja capaz de fazer com a Dilma o que Brutus fez com Júlio César, mas a verdade é que a natureza humana continua sendo a natureza humana.

A crise é grande, e eu diria que a primeira desvantagem dessa solução é essa: o vice na expectativa de poder articulando a política. É um risco para Dilma e é um risco para o Temer, pois, afinal de contas, o Renan e o Eduardo Cunha, que estão com a faca da Câmara e o queijo do Senado na mão, estão na expectativa, não apenas para atacar a Dilma, mas também para tirar o Temer do comando do PMDB.

Esse problema já não terá o Pepe Vargas, que foi humilhado e aceitou o insignificante Ministério dos Direitos Humanos, nem a Ideli, que está saindo dos Direitos Humanos para dar vaga ao colega, ocupar os Correios. E nós pagamos a conta.

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