Na política externa, Donald Trump é brutal
Donald Trump é brutal. Em primeiro lugar, sabemos como ele trata sua espécie (a espécie humana), em particular as fêmeas. No entanto, a reflexão aqui é muito mais sobre a visão de mundo do presidente americano e qual deve ser o papel dos EUA no cenário.
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Donald Trump é um presidente transacional (não vamos confundir a expressão com transnacional). Para ele, tudo é uma questão de transação, de fechar um negócio. Este é o modus operandi de um presidente sem argamassa ideológica, sem conhecimento histórico e sem um decálogo de princípios. Trump simplesmente transferiu para a Casa Branca o modus operandi de sua rotina de magnata imobiliário.
O aprendiz de presidente sentiu o drama no fracasso de suas negociações sobre o sistema de saúde no Congresso quando quis transferir seu modus operandi imobiliário para a política. Talvez, Trump tenha um pouco mais de sucesso nas tratativas com dirigentes estrangeiros, especialmente homens-fortes acostumados a mandar, desmandar e bater sem a existência de filtros e freios.
De segunda a sexta, esta é uma semana em que homens fortes dominam a política externa de Trump. Na segunda-feira, Trump recebeu um dos seus ditadores favoritos, o egípcio Sisi, já tratado com respeito pelo presidente em um encontro durante a campanha eleitoral. Sisi não tem escrúpulos, é indiferente a direitos humanos e está focado na luta contra o terror islâmico. Ele fala a mesma língua de Trump.
Mais para o final da semana, será um encontro bem mais importante para Trump, o primeiro com o ditador chinês Xi Jinping. Existem as tensões comerciais e geopolíticas, mas o presidente americano não irá azucrinar o homem-forte chinês com questões sobre direitos humanos.
Obviamente em uma sociedade democrática, existe sempre a colisão entre valores e interesses, entre princípios e pragmatismo. Trump não perde horas de sono (que já são poucas) entretido nestes dilemas. É verdade que os chineses estão ansiosos com as incertezas da era Trump, o bombástico, mas tentam abafar o barulho. Um regime movido a tráfico de influências e nepotismo, como o chinês, se ajusta ao esquema Trump e rapidamente abriu canais diretos com Jared Kushner, o primeiro genro.
Trump também já demarcou a linha vermelha na Síria: está à vontade com o genocida Assad. Tampouco tem problemas para transacionar com sauditas e os tiranetes do golfo Pérsico. Sobre repressão na Rússia, nenhum tuíte indignado.
Se podemos dizer que existe uma doutrina em relações internacionais para este começo da era Trump é o hiper-realismo. Em outras palavras, um brutal esquema transacional, desprovido de compasso moral, curto e grosso como os tuítes presidenciais.
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