Na questão do desarmamento, Obama está no fogo cruzado

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 09/01/2016 16h50
EFE Presidente dos Estados Unidos

Que começo de 2016, na primeira semana completa do novo ano, montanha russa nos mercados globais devido à falta de firmeza da economia chinesa, a segundo maior do mundo; alarme devido ao anúncio do regime lunático da Coreia do Norte sobre teste com bomba de hidrogênio e mais labaredas na fogueira da disputa entre sunitas e xiitas no Oriente Médio.

Para os americanos, no entanto, o foco da semana é o duelo das armas, depois das modestas ações executivas do presidente Obama para ampliar regulamentações, como mais checagem nos antecedentes dos compradores. Nada dramático, mas é um Deus-nos-acuda entre os republicanos e o poderoso lobby pró-armas. Parece que Obama virou um ditador que irá confiscar as armas dos americanos.

Não é nada disso, mas Obama está no previsível fogo cruzado. As primeiras pesquisas mostram apoio popular a estas medidas modestas, mas sem ilusões. As divisões estão cristalizadas no país.

Para um expressivo segmento popular, é simplesmente sagrado o direito às armas. Pelos cálculos, existem cerca de 300 milhões de armas no pais de 320 milhoões de habitantes, existem armas em 1/3 das casas dos americanos.

A polarização ficou visível num encontro televisionado na quinta-feira à noite em que Obama conversou com cidadãos, gente a favor do controle e gente contra. A frustração do presidente era visível. Está patente como será difícil superar as divisões entre os americanos nesta questão.

E se a história é guia, a campanha de Obama só tende a incrementar a venda de armas, com americanos temerosos de mais controles. Isto acontece depois de cada tiroteio em massa. O padrão se repetiu depois do ataque terrorista praticado por um casal muçulmano em São Bernardino, na Calif órnia no final de 2015.

Muitos americanos têm medo do crime, mas também deste cenário fictício de que o governo irá tomar as armas deles, embora não se cogite de desarmamento. Não adianta Obama insistir que esta não é sua agenda. A campanha de agitação e propaganda do lobby das armas e de políticos republicanos é fulminante nas hipérboles.

A ironia é de que desde os anos 1990 ocorreu uma baixa acentuada do crime, em particular homicídios, nos Estados Unidos. Mas desde 1968, existem duas vezes mais armas per capita no país. Vale lembrar que um grande número de armas estão concentradas em um número descrescente de domicílios.

Nenhuma surpresa na constatação que posse de armas seja mais acentuada em áreas suburbanas e rurais e também entre eleitores republicanos. De novo, nenhuma surpresa que Obama seja alvo de um campanha implacável quando também intensifica seus disparos pelo controle de armas.

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