“Não é novidade que a Fifa se meta num escândalo desse tamanho”, diz Nêumanne sobre prisão de CEO da Match
Nêumanne, que conclusões você tira da prisão de Raymond Whelan, CEO da Match, sócia da FIFA e detentora de direitos de pacotes e das consequências que ela teve na própria entidade?
Pois é, eu estou aqui vendo a nota oficial da Fifa a respeito da prisão do CEO da Match, a empresa que é sócia da entidade internacional e que detém direitos exclusivos sobre a venda de pacotes para o mundial. A empresa disse que a polícia do Rio é precipitada, imagine, e que vai ficar provado que o Whelan nada fez de errado. Além de CEO, principal executivo da Match, ele também tem dois filhos trabalhando lá.
Agora o que chama atenção é a nota oficial da Fifa. Eu vou reproduzir aqui o que os jornais deram em destaque da nota. “A Fifa gostaria de reiterar sua posição firme contra qualquer forma de violação da lei criminal dos regulamentos de emissão de ingresso”. E os encarregados do Estadão que detectaram a prisão do Whelan lá no Hotel Cobacana Palace dizem que a Fifa tem tratado esse revés, limitando as informações à imprensa e adotando um perfil assim […], para usar uma linguagem que essa gente tudo entende aí.
O chefe da quadrilha é franco-argelino, o contato da quadrilha na Fifa é inglês, o sobrinho do Joseph Blatter, presidente da Fifa, que permite a entrada dessa empresa é suíço, e por aí afora. Não é novidade que a Fifa se meta num escândalo desse tamanho. O que é novidade é o novo tom da entidade.
A Fifa chegou aqui no Brasil com um tal de Jerôme Valcke, secretário-geral, […] que chegou a dizer que o Brasil merecia um chute no traseiro por causa de atraso de obras e desobediência a algumas exigências. A Fifa exigiu que se permitisse, o que é proibido no Brasil, bebidas alcoólicas e aceitou. A Fifa exigiu que se derrubasse o Maracanã, um dos maiores monumentos arquitetônicos do esporte no mundo no Brasil, e o governo brasileiro derrubou. Tudo o que a Fifa pediu o Brasil fez. Falou-se em padrã Fifa e a Fifa não tem padrão nenhum quando o assunto é moral, né?
Eu acho que fica uma lição positiva disso tudo, né? Porque do legado da Copa não ficou nada não, mas ficou uma coisa importante: a polícia do Rio funcionou e pegou, pela primeira vez, botou na cadeia, ladrões muito próximos da cúpula da dona Fifa. É isso aí, parabéns à turma lá do Rio que fez a operação […] que, aliás, é uma taça que nós ganhamos no México, mas que já foi roubada e derretida.
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