Não existe distinção entre o Movimento Passe Livre e os Black Blocs

  • Por Jovem Pan
  • 20/06/2014 11h50

Reinaldo, nesta quinta, os vândalos depredaram cinco agências bancárias, duas lojas de automóveis e um carro da imprensa. Você diz que há erro da imprensa e da polícia. Quais?

Pois é, vou dizer. Pode tudo parecer uma piada, mas é verdade. O Movimento Passe Livre, o MPL, marcou uma manifestação para esta quinta na cidade para comemorar o aniversário de um ano da redução de tarifa de ônibus e metrô. Saldo do evento: cinco agências bancárias, duas lojas de carros de luxo e um veículo da imprensa depredados. Obra dos tais black blocs. O que vai acontecer com eles? Nada! Desta vez, dois equívocos se estreitaram num abraço insano: o da Polícia Militar e, para não variar, o da imprensa.

Começo pelo erro que diz respeito à categoria a que pertenço. Em quase toda parte, desinformam-se os leitores, os internautas, os ouvintes e os telespectadores com a cascata inverídica, intelectualmente vigarista, jornalisticamente falsa, politicamente dolosa, segundo a qual os “blac blocs” se infiltraram na manifestação ou dela se aproveitaram. É uma mentira escandalosa! Sejam os “black blocs” um grupo, uma tática ou apenas uma prática, o fato é que não existe distinção entre eles e o MPL.

Em julho do ano passado, quando a primeira manifestação do movimento completou um mês, publiquei aqui uma cronologia dos eventos. Demonstrei, por A mais B, que os três primeiros protestos pela gratuidade da passagem, nos dias 6 e 7 e 11 de junho de 2013, já tinham sido notavelmente violentos, com coquetéis molotov, depredações e um policial quase linchado.

Assim, desde a primeira hora, a violência é parte da ação desses coxinhas extremistas e desocupados, que inventaram o socialismo da catraca, embora a maioria nunca tenha andado de ônibus na vida.

O outro erro brutal desta quinta foi da Polícia Militar, sem sombra de dúvida, e acho que as explicações dadas até agora são amplamente insuficientes. Em entrevista coletiva, o coronel Leonardo Torres Ribeiro disse que havia 500 homens acompanhando a manifestação, que reuniu 1.300 pessoas, mas que o faziam a distância, respeitando um acordo com o MPL, que havia enviado um ofício ao Comando se responsabilizando pela segurança do protesto, pedindo que não houvesse ação policial. E deu no que deu.

Como? Acordo com o Passe Livre, um movimento que nem tem existência jurídica? Que tipo de entendimento é possível com gente que jamais censurou a ação dos ditos “black blocs”? Ao contrário: sempre que lhes foi dada a oportunidade, os integrantes do MLP falaram genericamente de certo “direito à manifestação” e preferiram atacar a própria polícia.

Não foi diferente desta vez. Um dos porta-vozes da turma, o sr. Lucas Monteiro, de 29 anos ― não é, assim, um desses adolescentes rebeldes de manual ―, confirmou o pedido, mas diz que o MPL não se responsabiliza por nada. Cinicamente, afirmou que a “depredação não aconteceu durante o protesto e que não cabe ao MPL explicar o motivo”.

Aconteceu em São Paulo rigorosamente aquilo a que se assistiu no Rio durante a greve dos professores. Lá e cá, os mascarados participam da passeata. Tão logo se dá o ato por encerrado, começa a pancadaria. É claro que os responsáveis pelo quebra-quebra são os dirigentes do MPL, mas quem responde pela demora na repressão aos atos de vandalismo é, infelizmente, a Polícia Militar mesmo. Ou será que o movimento tem uma ficha recomendável para que se celebre com ele um acordo?

Pô, Reinaldo, você costuma elogiar a PM…” É verdade. Quando merece. De resto, elogio a polícia que não faz acordos com o MPL, não a que faz. Com criminosos, não se negocia.

 

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