“Não há exceções para figurões” na Lava Jato

  • Por Jovem Pan
  • 20/06/2015 13h18
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CURITIBA,PR,20.06.2015:OPERAÇÃO LAVA JATO - Otávio Azevedo da construtora Andrade Gutierrez é encaminhado para o IML de Curitiba (PR), na manhã deste sábado (20). Otávio foi detido durante ação da 14ª fase da Operação Lava Jato batizada de Erga Omnes (do latim, Contra Todos) e está sendo cumprida em quatros estados pelo país. . (Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Folhapress) Folhapress Otavio Azevedo

Pergunta: Qual é o significado dessa 14ª fase da Operação Lava Jato, com a prisão dos dois maiores empreiteiros do Brasil?

Resposta: A prisão dos dois maiores empreiteiros do Brasil, Marcelo Odebrecht e o presidente da Andrade Gutierrez é significativa, porque ficou claro, pela primeira vez, na história política e judicial do Brasil que realmente não há exceções para figurões. Trata-se de uma antiga lei, que dizia, uma lei consensual, que as pessoas que são muito grandes não cabem nas celas de prisões do Brasil.

Nesse momento, depois de outros grandes empresários, estão presos dois grandes empreiteiros, pela ação da PF, do MPF e com a concordância do juiz Sérgio Moro. Eu devo lembrar que, nesta semana que esta acabando, teve grande destaque uma declaração do novo ministro do Supremo, dizendo que delação premiada não é prova definitiva.

O que ele disse é uma coisa obvia, a delação premiada é o caminho para encontrar a prova. No dia seguinte, o juiz Moro encontrou a resposta certa para a observação, digamos pouco prudente, do Sr. Ministro do Supremo.

Afinal, ele deixou claro na prisão de Marcelo Odebrecht e do presidente da Andrade Gutierrez que estava partindo de uma prova escrita, fornecida por um delator premiado, no caso Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Correa. O que significa? Que a delação premiada esta levando a justiça, a polícia e o Ministério Público ao caminho das provas.

Pouca gente acreditava na possibilidade da prisão de uma pessoa da importância de Marcelo Odebrecht, e muita gente estranhava o fato de ele não ter sido preso ainda, tantas foram as citações feitas a sua empreiteira no caso do petrolão, ou seja, na grande roubalheira em torno da Petrobras.

Essa prisão mostra que não há limites, que não há falta de espaço, apesar de serem muito povoadas, nas celas brasileiras, para grandes figuras. Entre as pessoas que foram presas nessa ultima fase, há também um diretor da Odebrecht que tem aparecido muito no noticiário como companheiro de viagem do ex-presidente Lula, principalmente para a África, em grandes negócios da Odebrecht.

Também Cuba, República Dominicana e Angola. A presença de Alexandrino é uma demonstração de que, realmente, toda a preocupação que o Lula andou demonstrando nos últimos dias tinha uma razão de ser, por que – não que eu esteja aqui prevendo o que vai acontecer com ele – mas isso leva a crer que talvez seja possível que uma operação desse tipo chegue até a uma pessoa muito mais importante do que um empresário do tamanho de Marcelo Odebrecht ou do presidente da Andrade Gutierrez, aliás os dois muito ligados ao ex-presidente.

Estamos aqui fazendo conjecturas, os fatos estão a nossa disposição e só esperamos que não haja nenhuma tentativa de sustar o processo da operação Lava Jato, apenas por causa do tamanho das pessoas que ele tem atingido. O tamanho, que eu digo, institucional.

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