Nas datas e pesquisas, corrida à Casa Branca afunila

  • Por Caio Blinder
  • 21/09/2016 09h45
Montagens sobre fotos/ EFE Hillary Clinton e Donald Trump

 São dias de alta ansiedade (e de medicação) para Hillary Clinton. Para Donald Trump, são dias de mais mentiras, insultos e bravatas narcisistas sobre sua recuperação nas pesquisas. Não existe um novo Trump, mais comedido. Ele apenas se conteve, a contragosto, quando, em agosto, afundou nas pesquisas, mas bastou que seus números melhorassem um pouco para se exibir estufado e bufão como o Trump autêntico. Quanto à Hillary, ela cambaleou com a pneumonia e os remédios, tendo dificuldade para encontrar o seu caminho.

Mas campanha eleitoral no atual ciclo é dia a dia. Nunca se sabe o que sairá da caixa de chocolates. Pode ser mais um bombom politicamente incorreto, como o do filho de Trump, o júnior, comparando refugiados a balas envenenadas. São estes doces bárbaros que dão esperança para Hillary. Seu maior chamariz segue sendo o fato de não ser Trump.

O bufão protofascista se considera impune, podendo cruzar qualquer linha. Lembra-se do que disse num comício? Não vou perder votos mesmo se atirar em alguém na Quinta Avenida. Nas hostes de Hillary, existe esta alta ansiedade com a impunidade de Trump e também a esperança de que tanta sandice disparada por sua boca seja um tiro pela culatra.

Um atentado terrorista dias antes da votação de 8 de novembro pode virar o jogo, ser o chamado game changer. Nada, porém, é tão simples assim. Basta ver o impacto das explosões em Nova York e Nova Jersey. Trump está naquela do bem-que-avisei. Mas o eleitorado é ambíguo sobre quem é melhor para presidir o país diante de ameaças à segurança nacional. Curiosamente, as pesquisas mostram que Trump está pontos abaixo de republicanos em outras eleições nestas questões de segurança nacional.

Existem, aliás, pesquisas para todos os lados. O fato indiscutível é que a disputa apertou, embora números mais recentes em algumas apontem ligeira recuperação da candidata democrata. De certa forma, o sufoco é bom para Hillary para evitar complacência. Uma teoria envolve o chamado eleitor-tatu. É gente de Trump escondida e que não fala a verdade nas pesquisas. Isto quer dizer que sua verdadeira força será mostrada apenas nos resultados. Outra teoria é que o medo de Trump irá mobilizar parcela do eleitorado desmotivada com Hillary.

Não vou esconder minha preferência. Não sou tatu. Estou me referindo ao segundo cenário. E, nestes termos, mantenho o chute de que, no voto popular, Hillary vencerá Trump por uma margem de 4 a 7 pontos. Por ora, não padeço de alta ansiedade e não estou tomando medicação. Tampouco examino a possibilidade de migrar para o Canadá.

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