Nem Dilma entendeu o que ela mesma disse sobre fraude em CPI
Reinaldo, você entendeu o que disse Dilma, nesta quarta, sobre a fraude na CPI?
Eu não, mas acho que nem ela entendeu o que disse. É, ouvintes, vou falar aqui de um intervenção da presidente Dilma Rousseff nesta quarta, numa sabatina promovida pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil. Na verdade, vou falar da inculta e bela. Eu estou falando da língua portuguesa, não da presidente.
Dilma participou da sabatina na CNA, a exemplo de Aécio Neves e Eduardo Campos, e ficou muito irritada quando indagada sobre a fraude que parlamentares petistas, o Palácio do Planalto e a Petrobras armaram na CPI do Senado, que investiga a compra da refinaria de Pasadena. Vocês sabem que a presidente, desde quando era ministra no governo Lula, fala quase um idioma próprio. É o de um mescastiço, que lembra a língua portuguesa.
Quando confrontada com o fato de que dois assessores da Secretaria de Relações Institucionais participaram da conspirata, ela disse o seguinte, prestem atenção, se não der pra entender nada a culpa não é de vocês: “Vou te falar uma coisa. Acho extraordinário. Primeiro porque o Palácio do Planalto não é expert em petróleo e gás. O expert em petróleo e gás é a Petrobras. Eu queria saber se você pode me informar quem elabora perguntas sobre petróleo e gás para a oposição também. Muito obrigada. Não é o Palácio do Planalto nem nenhuma sede de nenhum partido. Quem sabe das perguntas sobre petróleo e gás só tem um lugar. Pergunta só tem um lugar no Brasil. Eu diria vários lugares no Brasil: a Petrobras e todas as empresas de petróleo e gás”.
E aí, deu pra entender alguma coisa? Eu não entendi nada, o que parece é que se trata de uma confissão, mas calma. A língua portuguesa, já muito longe do explendor, encontraria o seu momento de sepultura, como diria o poeta neste trecho seguinte:
“Você sabe que há uma simetria de informação entre nós, mortais, e o setor de petróleo. É um setor altamente oligopolizado, extremamente complexo tecnicamente. Acho estarrecedor que seja necessário alguém de fora da Petrobras formular perguntas para ela”
Sei não, acho que ela quis dizer “assimetria”, em vez de “simetria”. Vale dizer, ela quis afirmar que nós, os mortais, não temos de nos meter com a Petrobras, uma empresa pública, com ações negociadas na Bolsa. E deixar que eles por lá façam o que lhes der na telha.
Ora, eles fizeram sim, ouvintes, e produziram um prejuízo de mais de um bilhão de reais. Foi não prestando contas a ninguém que a Petrobras vale hoje, em valores de mercado, a metade do que já chegou a valer. Mas Dilma acha que esse não é um assunto para “mortais”.
Então vamos fazer uma relação lógica aqui: todo ser humano é mortal. O eleitor é um ser humano. Logo, o eleitor é mortal. Logo ainda, o eleitor não tem que se meter com a Petrobras. Isso é assunto para Dilma e seus especialistas.
Seria cômico se essa concepção de poder não estivesse afundando o Brasil. E afundando a Petrobras também.
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