Nem terça nem quinta; Câmara elege seu presidente na quarta

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 11/07/2016 09h18
  • BlueSky
Luis Macedo/Câmara dos Deputados Plenário

Já escrevi aqui quão irrelevante é essa questão da data da eleição do novo presidente da Câmara. Chego a achar acintosa essa história de que, caso se deixasse para quinta (14), haveria o risco de a Câmara estar esvaziada. Será que chegamos mesmo ao ponto em que deputados poderiam deixar de comparecer à eleição do futuro presidente para ter um dia a mais de folga no recesso branco?

Boa parte dos líderes queria realizar o pleito na terça (12); Waldir Maranhão (PP-MA), presidente interino da Casa, marcou para quinta. Neste domingo, chegou-se a uma solução salomônica. Depois de conversar com o presidente Michel Temer, Maranhão aceitou que a eleição se realize na quarta, dia 13, às 19h.

Alega-se que a data era uma das tramoias de Eduardo Cunha. Por quê? O recurso do presidente afastado na CCJ vai ser votado na terça. Evidentemente, isso não aconteceria caso houvesse a eleição nesse dia. É tido como certo que a comissão vai recusar o último apelo de Cunha para anular a votação do Conselho de Ética que recomenda a sua cassação.

Ocorra essa recusa na terça ou só depois do recesso branco, é só em agosto que o plenário vai decidir se cassa Cunha ou não. A diferença é de apenas alguns dias. Convenham: não é assim tão importante. De resto, cumpre não esquecer: se Cunha não for cassado por seus pares, ainda resta o STF, onde é certo que será condenado. E vai perder o mandato.

Agora, a CCJ, salvo uma chicana de última hora, pode decidir nesta terça se aceita ou não anular a votação do Conselho de Ética, que foi contrária a Cunha. Há 66 membros na Comissão. Até os cunhistas acham que ele será derrotado.

Exceção feita a um acordo de última hora, dificilmente se terá um único nome da base de apoio ao governo como candidato, e tudo caminha para que se defina o futuro presidente da Câmara só num segundo escrutínio. Seria desejável que houvesse a unidade? É claro que sim! Mas, dado o andamento da política, é compreensível que assim seja.

A base do governo Temer é ampla, mas ainda é instável. E é normal que todas as correntes busquem exercer a sua influência para aumentar a sua força. O governo só não pode é correr o risco de se meter na confusão. Aí é desgaste na certa.

O presidente Michel Temer deveria é chamar todos os pré-candidatos da base para uma reunião conjunta nesta segunda. Em vez de interferência viciosa, a virtuosa: qualquer que seja o resultado, a agenda é mais importante do que o nome.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.