Ninguém é insubstituível, mas ele (Eduardo Campos) fará muita falta.

  • Por Jovem Pan
  • 15/08/2014 19h26
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Nêumanne, com a morte de Eduardo Campos realmente se enfraquece a possibilidade de uma terceira via, de uma forma diferente de fazer política do que fazem PT e PSDB, que se revezam no poder há tanto tempo?

Aécio Neves era tido pelo Eduardo Campos como um parceiro ideal no projeto político que ele tinha que era de dar força, cada vez mais, a políticos da sua geração, que não tinham participado dos embates com a ditadura militar de 64.

A ironia desse fato é que Aécio era neto de Tancredo, que não é de 64, é de antes – foi ministro da Justiça de Getúlio em 50, do governo democrático de Getúlio em 50. E o próprio Eduardo era duplamente oligarca, neto de Miguel Arraes, da oligarquia Alencar, do Ceará, e descendente do barão de Souza Leão, que é um sobrenome tão marcante em Pernambuco que é o nome do bolo mais famoso que se vende nas padarias de Recife. Mesmo assim, como Arraes era um coronel da esquerda, Eduardo era um homem de esquerda com uma visão um pouco mais arejada, e era isso que ele se propunha a levar pelo país, não apenas durante a campanha, como depois do resultado da eleição. Por ser muito jovem e ter um bom capital e cabedal político, ele teria chance de participar até a sua velhice, caso tivesse chegado à ela.

De fato, o Eduardo vai fazer muita falta no debate depois da eleição. Na construção da democracia do Brasil, é uma força que se perde. O Brasil não está, propriamente, seguindo rumos muito definidos na direção do Estado Democrático de Direito. Ele não é insubstituível. Minha avó dizia que o cemitério está cheio de insubstituíveis. Ninguém é insubstituível, mas ele fará muita falta.

De certa forma, fazendo uma figura um pouco ainda emocionada, de certa forma também exagerada, todos somos como os cinco filhos dele – como o Miguel, que tem síndrome de Down e que ele acolheu na família com muito amor – somos órfãos dele. Não apenas as pessoas que não votariam nele – como eu, por exemplo, que não votaria -, mas que contava com a participação dele na eleição e, depois da eleição, na construção de uma democracia de verdade. Uma democracia de verdade. De uma democracia que não se deixa seduzir pelas tentações autoritárias.

 

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