No final das contas, quem decide é sempre o chefe

  • Por Jovem Pan
  • 25/04/2014 10h45

Reinaldo, ainda ontem de manhã você disse aqui na Pan que o ex-ministro Alexandre Padilha tinha contas a prestar sobre a sua relação com o doleiro Alberto Yousseff, as coisas se complicaram para ele, né?

E como, parece que eu estava adivinhando. Olá ouvintes e amigos da Jovem Pan.

Vieram a público nesta quinta gravações feitas pela Polícia Federal que evidenciam que Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, pré-candidato do PT ao Governo de São Paulo, indicou um diretor do laboratório fachada Labogen, que pertence ao doleiro Alberto Yousseff.

Trata-se de Marcos César Ferreira da Silva, que já foi, ora vejam, assessor parlamentar de um fundo de pensão controlado pelo PT e assessor do próprio Padilha. O mais curioso é que o deputado petista André Vargas, do Paraná, aquele que está todo enrolado, é que anuncia ao doleiro que o futuro diretor já foi escolhido. Deixando claro tratar-se de uma indicação do então ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Vocês entenderam direito.

Yousseff, aquele que em tese seria o futuro patrão de César Ferreira da Silva, nem conhecia seu futuro funcionário, tratava-se de uma escolha pessoal de Padilha. Eu estou enganado ou quem decide no fim das contas é sempre o chefe, seja lá do que for? Em nota, como era de se esperar, Padilha negou que tinha feito a indicação de César Ferreira da Silva para a Labogen.

Vamos nos lembrar, o laboratório Labogen, que nunca havia produzido um comprimido, tinha conseguido fechar um contrato com o Ministério da Saúde no valor de 31 milhões de reais para o fornecimento de citrato de cidelnafila, o princípio ativo do viagra, remédio também indicado para combater a pressão alta pulmonar. Havia entendimentos para a produção de outras substâncias, que chegavam a 150 milhões de reais.

Padilha, até havia a pouco, se comportava como se não tivesse nada com isso, cobrei isso aqui ontem. A interlocutores, Vargas já tinha dado a entender que sabia de fatos que poderiam comprometer o agora pré-candidato ao Governo de São Paulo. Também o deputado petista Cândido Vacareza se enrola um pouco mais. A troca de mensagens deixa claro que ele recebeu em sua casa, para uma reunião, o doleiro Yousseff, Vargas e Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro de Collor e sócio oculto da Labogen.

Porque? Vacareza disse ser apenas amizade. A coisa vai mais longe e evidencia que Vargas também abriu para o doleiro as portas do Fundo de Pensão da Caixa Econômica Federal. Dizer o que? O mundo petista é uma espécie de realidade paralela, em que as coincidências acontecem com uma frequência também ela escandalosa.

Se bem se lembram, as primeiras conversas que vieram a público entre Vargas e Yousseff diziam respeito justamente ao agendamento de uma reunião com o executivo do Ministério da Saúde para que a Labogen obtivesse o sinal verde do órgão federal para a produção de remédios. Ninguém nunca acreditou que o Ministério da Saúde fosse assim a Casa da Mãe Joana, em que uma biboca qualquer ganha sinal verde para um contrato.

A conversa de vargas com Yousseff faz supor que de fato não é assim. Convenham, o papo sugere que o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, estava no controle.

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