Nomeação de Miriam Belchior é o primeiro caso evidente de demeritocracia, mas não o único; entenda
Pergunta: Nêumanne, a nomeação de Miriam Belchior para presidência da Caixa Econômica Federal sinaliza alguma coisa em relação a política de contenção de gastos e transparência dos Bancos Públicos?
Resposta: A revista Veja que está nas bancas traz um quadro muito importante. Neste quadro é lembrado que Fernando Collor tinha 15 ministros. Eu me lembro duas vezes ter ouvido Fernando Collor dizer lá no jornal “O Estado de S. Paulo” e na casa de […], em Campina Grande, que ele não precisava ter mais de 12 ministros, no entanto ele teve 15.
Isso seria até considerado um exagero se o Fernando Henrique não tivesse tido 27 ministros. No primeiro governo Lula, Lula simplesmente aumentou esse número para 32. No primeiro governo Dilma, aumentou para 37 e, agora, ela tem 39.
Esse número de ministérios contradiz a principal regra que foi definida com muita clareza, com muita simplicidade e com muita competência pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que disse que é preciso gastar menos do que arrecada.
Como no ano passado o governo gastou demais, esse ano precisa economizar bastante, agora, não pode economizar com 39 ministros. Não pode melhorar a gestão se o critério é a efetividade, o jogo de poder, a barganha. Por exemplo, esse meu comentário foi inspirado pela nomeação de Miriam Belchior na presidência da Caixa Econômica.
Durante a campanha, Dilma transformou os bancos públicos a serviço do eleitor pobre que vota nela um dos temas, levando Aécio Neves, seu adversário, a falar em transparência dos bancos públicos. É impossível você ter uma gestão minimamente competente da economia brasileira se não houver punições na Petrobras, transparências dos bancos públicos e uma redução de ministérios.
Agora, Dilma acaba de contrariar isso tudo nomeando Miriam Belchior pra presidência da Caixa. Mirian Belchior se tornou conhecida porque era viúva de um casamento arranjado com Celso Daniel, o prefeito de Santo André que morreu quando comandava o programa de governo na primeira campanha vitoriosa do Lula.
Depois ela passou anos cercando o Palácio até que assumiu o ministério do Planejamento numa das piores gestões da economia na história do Brasil. Tanto isso é verdade, que mesmo tendo vencido a eleição por uma margem muito estreita, Dilma está até agora lutando para corrigir os erros dessa gestão ecnomomica comandada por Guido Mantega, que está indo presidir o tal do Banco dos Emergentes, e agora com Belchior, substituída por Nelson Barbosa, que já levou uma bronca e que agora foi promovida presidente da Caixa.
Quer dizer, é o primeiro caso evidente de demeritocracia desta nova equipe da Dilma, embora não seja o único. De qualquer maneira, é um bom exemplo pra mostrar que vai ser difícil fazer o que o Joaquim Levy está anunciando, com ministérios demais e gente competente de menos para gerir os inúmeros cargos do poder público.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.