As notícias falsas e como as pessoas acreditam naquilo que leem

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 25/11/2016 05h57
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David Martyn Hunt/Flickr Internet - computador - flickr

Um grande assunto no noticiário nas últimas semanas tem sido os sites de notícias falsas. Prosperaram tanto, são tantos acessos,  que o Google cortou a publicidade neles. Os sites fizeram uma farra na campanha eleitoral americana, no embalo das mentiras dos candidatos, especialmente do agora presidente eleito Donald Trump. Assim foi merecida a escolha de pós-verdade como a palavra do ano pelo dicionário Oxford.

Uma campeã entre as notícias falsas na temporada eleitoral tinha esta manchete “Agente do FBI suspeito de ter vazado e mails de Hillary é morto em aparente morte-suicídio”. História completamente inventada e que foi compartilhada 500 mil vezes no Facebook.

A minha rádio favorita depois da Jovem Pan, a NPR, a rádio pública americana, investigou a origem desta história falsa e chegou num site que integra uma rede de propriedade de um sujeito chamado Jestin Coler. E sua empresa tem o sugestivo nome de Disinfomedia.

Ele admitiu que entrou no negócio de notícias falsas há três anos para ilustrar o extremismo e os delírios conspiratórios dos nacionalistas brancos do movimento alt-right, ou direita alternativa. A ideia era construir um site que pudesse se infiltrar na caixa de ressonância da direita alternativa e então denunciar a farsa.

No entanto, Coler se surpreendeu como era fácil disseminar as notícias falsas e como as pessoas acreditam nelas. E o negócio realmente decolou na campanha eleitoral. Ele mesmo forjou a notícia de que consumidores de maconha no estado do Colorado (onde a venda é legal) estavam usando o vale-alimentação para comprá-la. Não deu outra: um deputado estadual (republicano) apresentou projeto de lei, proibindo o uso do vale-alimentação para tal finalidade.

Coler e sua equipe de redatores tentaram forjar noticiário para liberais, mas concluíram que faturavam mesmo com os eleitores de Donald Trump. Coler não é conspiratório a ponto de dizer que as notícias falsas foram decisivas para a vitória de Trump. Acredita que o problema mesmo era a fraqueza de Hillary como candidata.

Sobre a decisão do Google de não veicular anúncios em sites falsos, Coler garante não estar preocupado. Diz que não falta anunciante disposto a trabalhar com seu negócio. Deve ser verdade.

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