Nova Iorque é uma cidade mais segura
Eu retornei das férias na quinta-feira com um boletim melancólico, falando de 2017 já como um infeliz ano velho com seus desafios geopolíticos no mundo, mas quero mudar o clima hoje no meio de um frio desgraçado em Nova York. Sim, quero dar boas notícias sobre a cidade. Estamos muito longe de Manaus, da selva de violência.
A taxa de crimes caiu em 4,1% em Nova York em 2016. É o patamar mais baixo em décadas, em contraste a outras grandes cidades americanas que deram saltos no número de homicídios, a destacar Chicago.
Eu não gosto de fazer comparacões entre Brasil e EUA. São outras realidades. Prefiro comparar Nova York com Nova York. Foram 335 homicídios em 2016. Acompanhem o declínio: 352, em 2015, 673 no ano 2000 e 2.262 em 1990. A situação em Chicago é preocupante. A cidade é bem menor do que Nova York e, no entanto, reportou 762 homicídios no ano passado.
Apesar do aumento de homicídios em Chicago, o cenário nacional ainda se mostra sob controle, com taxas bem abaixo dos níveis do começo da década de 90. E sabemos que boa parte da queda do crime se deve a eficientes estratégias policiais nos últimos 25 anos.
Em Nova York, tivemos o aumento do número de policiais, um foco mais intenso em áreas quentes e um fenomenal trabalho de computação de dados. Alvos preferenciais da atividade policiais são reincidentes e gangues.
Este números positivos em Nova York constrastam com o tom apocalípitico do presidente-eleito Donald Trump sobre sua cidade natal e sua discurseira contra o perigo representado por imigrantes ilegais.
É preciso tomar cuidado com a politização no debate policial. Tanto Nova York, como Chicago, são governadas por prefeitos esquerdistas, mas na maior cidade americana é este quadro de segurança. As cifras em Nova York são boas notícias para todos e deixam o prefeito Bill de Blasio animado. Afinal, ele vai concorrer este ano a um segundo mandato.
A queda do crime em Nova York coincide com o fim da agressiva tática policial conhecida como pare-e-apalpe. Em 2005, foram paradas 400 mil pessoas, em sua vasta maioria negros e latinos. Nos primeiros seis meses de 2016, apenas 7.600 paradas. A tática foi julgada inconstitucional por um tribunal federal, embora muito elogiada por Donald Trump e outros políticos conservadores.
Trump venceu o páreo nacional, mas a polícia de Nova York vai vencendo sem esta arma do pare-e-apalpe, assim como o prefeito Bill de Blasio. Meus votos para que Nova York fique cada vez mais segura. Sobre tantas outras partes do mundo: socorro!
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