Nove considerações sobre o avião que servia o PSB

  • Por Jovem Pan
  • 26/08/2014 11h33

Reinaldo, você decidiu contribuir com a investigação no caso do avião de Eduardo Campos, é isso?

É, farei aqui nove considerações que me parecem relevantes. O PSB promete para hoje uma “explicação” para a história do avião que servia à campanha do partido, no qual Marina Silva também viajou muitas vezes. Vamos pôr um pouco de objetividade nessa história:

1: Marina fazia parte da chapa registrada no TSE: era vice de Eduardo Campos. A coligação tem, perante a Justiça Eleitoral, a mesma responsabilidade que teria um partido político ― responsabilidade esta compartilhada pelos candidatos, Marina inclusive: como vice antes, como titular agora.

2: Há o dever legal de declarar todas as despesas realizadas. Como esquecer que o simples pagamento, não declarado, a gráficas que imprimiram santinhos resultou na perda de mandato de pessoas eleitas e já diplomadas? O Ministério Público Eleitoral denuncia, o processo pode demorar, mas a punição vem. Estamos falando de migalhas diante dos gastos de um jatinho de última geração.

3: Avião sempre deixa rastro, a cada decolagem e pouso, como provou o famoso “Morcego Negro”, de PC Farias (quem ainda se lembra daqueles tempos ingênuos?). A aeronave é abastecida com emissão, suponho, ou não, de notas fiscais. Nesse caso, saiu com CPF ou CNPJ de quem?

4: A cada pouso e decolagem, deve haver registro do tempo em que o avião devidamente identificado ficou em terra, da hora em que pousou e depois decolou. A aeronave tem prefixo, identificação, e tudo fica vinculado a essa identificação. O serviço costuma ser pago. Quem pagou, ou para quem foi faturado?

5: Quando a aeronave está em terra, para que seja liberada para voo, é preciso informar o destino à torre de comando do aeroporto e os respectivos nomes dos passageiros a bordo. A torre autoriza o plano de voo. Tudo fica registrado. De quantos voos participou Marina, por exemplo?

6: É obvio que, no caso desse avião e suas despesas (combustível, hangares, pilotos), há uma enorme confusão a ser acertada com a Justiça Eleitoral. E não vai ser fácil. Marina é responsável porque era da coligação e compunha a chapa registrada no TSE. Ela está aí e tem de explicar de forma convincente, o que, sinceramente, duvido que vá conseguir.

7: A atual chapa do PSB só existe porque substitui a primeira, devidamente registrada, da qual Marina fazia parte. E, reitere-se, ela foi usuária do avião.

8: Pertencesse o avião ao próprio Eduardo Campos, fosse alugado, fosse emprestado, tudo tem de ser informado à Justiça Eleitoral, apontando a origem dos recursos empregados. Talvez essa demora do PSB se deva à necessidade de construir uma história que, começando pelo fim, tem de inventar um começo. Acreditem: sempre sobrará uma lacuna.

9: Marina, que se comporta às vezes, como a corregedora-geral do mundo, tem o dever legal e moral de dar explicações. Vai que seja eleita e tenha depois o seu mandato cassado por crime eleitoral.

 

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