Novo secretário-geral da ONU tem experiência, carisma e é campeão de causas humanitárias

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 07/10/2016 07h29
POR01 LISBOA (PORTUGAL), 06/10/2016.- El ex primer ministro de Portugal y ex alto comisionado de las Naciones Unidas para los Refugiados, Antonio Guterres, pronuncia su discurso en el Palacio de las Necesidades en Lisboa, Portugal, hoy 6 de octubre de 2016. El Consejo de Seguridad de la ONU recomendó formalmente a António Guterres para asumir la Secretaría General de la ONU a partir de enero próximo. EFE/Andre Kosters EFE/Andre Kosters Novo secretário-geral da ONU

Quando a gente mistura expressões como Nações Unidas, conflitos e refugiados, o resultado é desalento ou cinismo. Mas se a gente acrescentar o nome António Guterres, temos uma leve brisa de esperança de que as coisas possam melhorar ou parar de piorar.

Ex-primeiro-ministro de Portugal e ex-alto comissário das Nações Unidas para refugiados, Guterres acaba de ser aclamado novo secretário-geral da ONU. Assumirá em janeiro no lugar do sul-coreano Ban Ki-moon, terminando um mandato de dez anos que não pode ser definido como marcante. E numa boa, será mais fácil entender o que fala o poliglota Guterres.

O New York Times publicou um bom editorial sobre Guterres na quinta-feira com o título “Uma nova voz para um mundo complicado”. Como diz o jornal, por qualquer medida, o político português é uma escolha excelente para substituir Ban Ki-moon. Guterres tem experiência, energia, carisma e finesse diplomática. E acrescento algo essencial: ele é um campeão de causas humanitárias.

São atributos essenciais para confrontar guerras regionais, crescentes tensões entre a Rússia e o Ocidente, a escalada dos riscos na Síria, Ucrânia e Coreia do Norte, a postura agressiva da China na Ásia e a crise dos refugiados. Sem falar, é claro, do desafio, de dar mais moral para a desacreditada ONU com suas crises internas como escândalo de soldados de sua força de paz envolvidos em estupro em várias partes do mundo.

Ficar fulminando a ONU por sua impotência é cansativo. A instituição é reflexo dos seus 193 países membros. A ONU é uma história de boas intenções, necessária para um mundo que se propõe a ser civilizado. Muito mais eficiente tentar reformá-la do que detoná-la. Seria para detonar caso tivesse frutificado a podridão de Lula para o cargo de secretário-geral.

Por este motivo, a escolha de alguém como Guterres deve ser saudada com alento. Ele teve a possibilidade de, aos 67 anos, terminar sua carreira pública, buscando o cargo em parte cerimonial de presidente de Portugal. No entanto, abriu mão da ambição provinciana de olho nesta positiva ambição global.

E, aliás, Portugal tem motivos para ufanismo com Guterres à frente da diplomacia global. Ele será o português mais visível do mundo…após Cristiano Ronaldo. E olha que Guterres, embora bom de bola, é bem menos vaidoso.

Terminando num tom mais solene, desde o seu nascimento depois da Segunda Guerra, a ONU tem enfrentado enésimas crises. Ela foi criada justamente pela eterna confusão do mundo. Mas nos seus 71 anos de existência, talvez nunca foram tantas tempestades simultâneas como agora.

Obviamente, António Guterres não será o líder do mundo, não é tão poderoso assim, mas é bom ter alguém como ele no olho do furacão.

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