Novos documentos do caso Petrobras não aliviam pressão sobre Dilma

  • Por Jovem Pan
  • 04/04/2014 10h55

Reinaldo, vieram a público dois documentos importantes sobre a compra da refinaria de Pasade pela Petrobras. Eles aliviam a pressão sobre Dilma?

Esclarecem muita coisa mas não livram não. O primeiro é o resumo executivo que foi fornecido aos conselheiros. Desse documento, de fato, não constam as duas cláusulas polêmicas. A Marlim, que garantia ao grupo belga Astra Oil uma lucratividade de 6,9% ao ano, independentemente das condições de mercado, e a Put Option, que obrigava a empresa brasileira a comprar a outra metade da refinaria caso os dois grupos se desentendessem.

Um segundo documento é o depoimento de de Alberto Feilhaber à justiça americana. Quem é ele? Trata-se de um ex-executivo da Petrobras que deixou a empresa em 1995 e se transferiu justamente para o escritório da Astra Oil, nos Estados Unidos. Foi ele quem negociou com a empresa brasileira em nome do grupo belga.

Feilhaber contou que em fevereiro de 2005 ele próprio mandou uma mensagem à Petrobras propondo uma parceria, mais propriamente a Nestor Cerveró. Em julho a empresa brasileira demonstrou interesse em comprar 70% da refinaria de Pasadena, oferecendo 332.5 milhões de dólares por essa fatia. Não se esqueçam, naquele mesmo ano os belgas haviam adquirido 100% do empreendimento por meros 42,5 milhões de dólares.

Mesmo assim a proposta foi recusada. Em dezembro a Petrobras mandou bala, propôs 359 milhões de dólares por apenas 50% da refinaria. Ponderando tudo, no prazo de cinco meses a estatal elevou a sua oferta em 50%. Como os belgas nunca tinham encontrado antes brasileiros tão bonzinhos, toparam na hora. Em fevereiro de 2006 efetivou-se a compra.

Parou por aí? Não. Em novembro de 2007 a Petrobras ofereceu mais 700 milhões de dólares pelos outros 50%. Notem, antes mesmo de a questão parar na justiça americana, a Petrobras já havia aceitado pagar mais de 1 bilhão de dólares. Aí sim o conselho vetou a operação, teve início a disputa judicial e o que já se sabe: o custo final para a Petrobras foi de 1,3 bilhão de dólares. Então vamos às constatações:

Um: de fato quase todos os conselheiros decidiram sem saber da existências das cláusulas, que tinham sido omitidas.

Dois: José Sérgio Gabrielli, presidente da empresa e conselheiro, este sempre soube de tudo. Acompanhou cada etapa do processo.

Três: a direção executiva da Petrobras, igualmente, estava ciente da operação.

Quatro: tudo indica que Dilma ficou sabendo da existência das cláusulas bem antes de 2007. Fez o que? Nada. E era chefe do setor energético.

Cinco: como presidente da República, permitiu que Nestor Cerveró assumisse a direção financeira da BR Distribuidora.

O ex-diretor diz que quer falar ao Congresso, e tem de falar mesmo. Mas eis um depoimento que precisa ser visto com muito cuidado. Na Petrobras ele integrava a turma que estava sob o comando de José Sérgio Gabrielli, que pertence à tropa de choque de Lula.

Digamos que conselheiros possam requisitar este ou aquele documentos oficiais e coisa e tal. Ocorre que em situações assim parte-se do princípio de quea direção executiva da empresa tomou as devidas medidas providenciais. Cerveró tem de explicar porque omitiu as cláusulas e quem com ele tomou essa decisão.

E mais importante do que tudo. É preciso que Dilma explique porque se omitiu e ainda recompensou depois o ex-diretor. Tudo isso se deu, lembro de novo, no ano eleitoral de 2006, quando há uma busca desesperada por recursos de campanha.

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