Números de junho da economia evidenciam que Dilma era o desastre, e Temer, a esperança
Vice-presidente Michel Temer (esq.) e Dilma Rousseff
Vice-presidente Michel Temer (esq.) e Dilma Rousseff - EFEOs números da economia evidenciam como os agentes econômicos viam Dilma Rousseff e como veem Michel Temer. É evidente que, a despeito das dificuldades, houve uma melhora brutal de expectativas — ainda que também isso possa ter um peso para determinado setor.
O real chega ao fim de junho com uma valorização de 19,59% no semestre. Vale dizer: o dólar despencou. No semestre? Pois é. Esse período não diz muita coisa. Só em junho, a valorização do real foi de 11,46%, maior salto mensal desde abril de 2003, informa a Folha.
Nos primeiros seis meses, o real foi a moeda que mais se valorizou no mundo, o que, é certo, não é do agrado dos exportadores, por exemplo. O contratempo não esmaece uma evidência: o efeito Temer se junta a um cenário internacional que também concorre para a valorização da moeda. Com ela, veio o avanço do Ibovespa: 18,86% no semestre — 6,3% só em junho. Para lembrar: Temer assumiu a Presidência no dia 12 de maio.
Querem fatores alheios ao novo presidente que concorram para essas dados? Bem, eles existem. Os EUA não devem elevar os juros esperando para ver os efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia. Com seus juros estratosféricos, que não devem cair imediatamente, o Brasil atrai dólares. Houve valorização das commodities, muito especialmente do petróleo. A moeda brasileira estava excessivamente desvalorizada, já que havia caído 49,64% em 2015.
Tudo isso é verdade. Mas o fato é que a mudança de governo, apesar dos percalços e dos permanentes solavancos, aumentou a confiança dos agentes econômicos. Todo mundo sabe que não havia razão para que a moeda brasileira estivesse tão desvalorizada senão a política. Ao contrário: como aqui fica evidente, os fatores não políticos até concorriam para a valorização do real. O nome do estresse era Dilma Rousseff.
Ainda, reitero, que o cenário político seja bastante inóspito — e sempre incerto em razão da Lava Jato; não há como —, o fato é que os agentes confiam na equipe econômica e não temem feitiçarias. A valorização do real e a elevação do Ibovespa são sinais de aumento da confiança.
Mas também não se quer uma moeda tão valorizada a ponto de tornar o país pouco competitivo. Ainda que faça sua profissão de fé no câmbio flutuante, a verdade é que o BC anunciou nesta quinta que vai voltar a fazer leilões de swap cambial reverso — vale dizer: compra futura de dólares. Isso deve contribuir para estancar a queda da moeda, o que, em si, é bom para as exportações.
Digamos que, dado o quadro que havia no governo Dilma, com real em queda livre em razão da desconfiança dos mercados, a gestão Temer, nesse particular, está com um bom problema nas mãos.
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