O aperto de mãos de Obama e Castro só fará sentido se proporcionar abertura política ao povo cubano

  • Por Rachel Sheherazade/ JP
  • 13/04/2015 12h26

Com Ban Ki Moon como tradutor EFE Obama e Raúl Castro

E o grande marco da Cúpula das Américas, o encontro entre os líderes dos países americanos, foi o aperto de mãos entre os Estados Unidos e Cuba, que simboliza a reaproximação dos dois países e um aceno para o fim do embargo econômico imposto pelo governo americano há mais de cinquenta anos à ditadura dos irmãos Castro.

Enquanto o presidente americano estendia a mão ao governo cubano, numa clara demonstração de reconciliação, afirmando inclusive que não ficaria preso ao passado, o líder Raúl Castro trouxe à tona velhas feridas e culpou os antecessores de Obama pelo ostracismo da ilha.

Mas, antes de ser isolada economicamente, Cuba se isolou. Sempre viveu como parasita, às custas de outros países, comunistas ou simpatizantes. Foi subsidiada pelos camaradas da antiga União Soviética, e, no tempo das vacas gordas, pelos petro-dólares da Venezuela de Hugo Chavez.

É hoje, a única ditadura nas Américas, a mais longa e uma das mais sangrentas de todo mundo ocidental.

No entanto, Raul Castro foi ovacionado pelos líderes anti-imperialistas da esquerda latino americana. Que vergonha! Eles cobram a retirada de Cuba da lista dos países patrocinadores do terrorismo e o fim do embargo econômico à ilha. Mas, a ditadura dos Castro precisa dar sinais de que também está disposta a mudanças dentro da ilha.

Não faz sentido atender as reivindicações de Cuba sem que o país dê sua contra-partida.

O aperto de mãos é um ato de diplomacia, e diplomacia é uma ação constante e recíproca.

A reaproximação entre Estados Unidos e Cuba só fará sentido se proporcionar ao povo cubano uma abertura política após uma ditadura sangrenta e sufocante que já dura 56 anos.

É inconcebível que, num continente democrático e livre, líderes americanos continuem fazendo vista grossa ao regime de exceção em Cuba.

Além do fim dos embargos, os cidadãos cubanos querem – e têm direito – ao fim da tirania, a volta da propriedade privada, da liberdade de expressão, a pluralidade partidária, o voto direto, a democracia, o direito de ir e vir.

Mais que a ditadura dos Castro, a esperança desse povo é resiliente. Os cubanos ainda esperam pela liberdade.

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