O aprendizado pelo terror
BRU108 BRUSELAS (BÉLGICA) 29/06/2016.- La canciller alemana, Angela Merkel, da una rueda de prensa tras finalizar la segunda jornada de la reunión del Consejo Europeo en Bruselas (Bélgica) hoy, 29 de junio de 2016. Merkel afirmó hoy que los veintisiete jefes de Estado y de Gobierno que formarán la UE una vez el Reino Unido abandone el club comunitario no consideran necesario cambiar los tratados, sino trabajar mejor con los instrumentos disponibles para conseguir mejor sus objetivos. EFE/Stephanie LecocqChanceler alemã Angela Merkel fala em Bruxelas
Desde o ano passado, a Alemanha tem sido o centro do debate sobre refugiados na Europa. Houve a decisão da primeira-ministra Angela Merkel de ser generosa, mas em seguida ela se retraiu.
Durante o vaivém de Merkel, o país, que é coração e motor da Europa, esteve imune ao tipo de terror que fulminou a vizinha França. Isto acabou. Em questão de sete dias, a Alemanha foi vítima de quatro ataques violentos, três deles envolvendo pessoas que pediram asilo. Em 20 meses, o país acolheu um milhão de refugiados.
A violência em Munique, na sexta-feira, 22, foi mais complexa e desafia a definição de terror político jihadista, pois foi praticada por um adolescente de origem iraniana nascido na Alemanha com problemas psiquiátricos, mais inspirado por tiroteios em massa nos EUA e pelo extremista de direita norueguês Anders Breivik, que massacrou 77 pessoas em 2011. A chacina em Munique aconteceu exatamente cinco anos após aquele massacre. O adolescente matou nove pessoas antes de cometer suicídio.
Não há dúvida de que o grosso da onda de ataques foi ao menos inspirada pelo Estado Islâmico e outros grupos jihadistas. Existe, porém, um processo generalizado de radicalização ao longo do espectro e o terror se converteu em um fim em si, sequer um meio para se atingir fins. São dias de alta ansiedade na Alemanha e na Europa em geral, e isto também é sentido do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos.
Tudo o que está acontecendo é um crucial teste para a saúde democrática de países maduros, que precisam encontrar as respostas inteligentes para desafios como o terror e as pressões de massas de refugiados que fogem da violência e da penúria econômica.
Nestes dias em que a terra parece em transe, é preciso o mínimo de sangue frio para entender que terror e refugiados são problemas diferentes e que exigem respostas diferentes, embora seus caminhos se cruzem.
Nesta onda de violência na Alemanha nos últimos dias, apenas o caso de domingo à noite, 24, envolveu um refugiado recém-chegado (um sírio de 27 anos), que declarou fidelidade ao Estado Islâmico.
Mas a ideia de uma resposta certeira quando a sociedade está impaciente e ansiosa por qualquer resposta é simplesmente ingrata. Donald Trump que o diga.
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