O Brasil é o que é

  • Por Caio Blinder
  • 13/05/2016 08h58
EFE/ Antonio Lacerda Michel Temer EFE

 O Brasil é o que é. Gostei de uma frase que escutei, aqui na Jovem Pan, dita pelo ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. Basicamente, Nóbrega cravou: “não se pode despiorar depois do golpe de expectativas e dos desastres cometidos pela afastada Dilma Rousseff, ou será que pode piorar?”.

Vou ecoar aqui a visão de fora. Não pode despiorar, embora a lista de calamidades seja imensa. O jornal Financial Times ressalta que existe uma crise tripla. 
 
A primeira é o prolongado mal-estar econômico. E a prioridade de Michel Temer é estabilizar a economia, injetando confiança no setor privado. Como outras publicações influentes do mundo econômico global, o Financial Times diz ser um sinal encorajador uma equipe comandada por Henrique Meirelles, o novo ministro da Fazenda. É um bom e necessário começo para um país que precisa de um choque positivo de expectativas.
 
A segunda crise listada pelo periódico é a ética e o recado é para Temer permitir que as investigações da Operação Lava Jato sigam o seu curso, não importa quem seja alvo de faxina. Mesmo que o presidente interino seja exposto, qualquer marotagem irá erodir ainda mais o seu exíguo mandato popular.
 
E a terceira crise é, com a orgia de partidos, a política. Uma reforma do sistema político é uma tarefa para o próximo presidente, no pós-eleições de 2018. O Financial Times é realista. Observa que, no mundo ideal, o Brasil deveria encarar a crise tripla com novas eleições e que as acusações técnicas de pedaladas fiscais para o impeachment são questionávies. Mas o jornal não embarca na narrativa da agitprop lulopetista de golpe.
 
O desfecho desta fase da crise brasileira é imperfeito. Mas, na expresão do Financial Times, é o que é. Temer é um hábil negociador e no momento tem apoio do Congresso e do mundo empresarial. Se começar a colocar a economia nos eixos e permitir que a faxina ética continue, ele poderá deixar um legado considerável. 
 
O futuro é um imenso desafio. Dilma Rousseff é o passado e este passado deve ser afastado definitivamente!

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