O Brasil é signatário de um tratado contra a corrupção; entenda

Pergunta: Você acha que a delação premiada está sendo, digamos, boicotada por causa da operação Lava Jato, nas altas instâncias da justiça brasileira e do governo?

Resposta: Nesta quinta feira, o jornal O Estado de S. Paulo, está publicando que as negociações dos acordos de delação premiada de três executivos da Camargo Corrêa, com delegados federais e procuradores da força tarefa da Operação Lava Jato, que estavam sendo feitas desde dezembro, em Curitiba, retrocederam nas duas últimas semanas.

É possível que isso seja uma mera coincidência e, quem gosta da democracia e quer que continue tudo nos trilhos torce por isso, não apenas por que a delação premiada está sendo muito necessária na apuração deste processo como, também, por que, se realmente houve alguma, digamos, interferência da visita dos advogados de empreiteiras ao ministro da Justiça, na decisão de Ricardo Pessoa, da UTC, e dos três membros da diretoria da Camargo Corrêa de desistirem da delação premiada, não vai ser possível mais, para Dilma, manter Eduardo Cardozo no cargo, por que ele diz que não tratou especificamente deste assunto nas reuniões com os advogados e aí terá sido flagrado em outra mentira.

Por que ele mentiu quando disse que não tinha tido reuniões com os advogados, quando teve, e também ninguém está acreditando na história do problema técnico que tirou essas reuniões da transparente agenda que ele tem.

A verdade é que está havendo uma campanha solerte, firme, dele, do advogado geral da União, dos empreiteiros, todos à sombra e inspiração de Márcio Thomas Bastos, o grande assessor jurídico de Lula, o grande ministro da justiça de Lula, que já morreu, mas deixou suas sementes, mas parece que, para seus discipulos, ele não ensinou o pulo do gato, e que se manifesta, por exemplo, no artigo de ministros de Dora Cavalcanti, advogada da Camargo Correa, na página dois da Folha, na qual, em estilo muito erudito, ela deixa claro que a delação premiada por vir a ser um prejuízo grande à famosa defesa plena.

Acontece que a Dra. Dora sabe muito bem, isso pode resolver as coisas por cá, mas não no exterior. O Brasil é signatário de um tratado contra a corrupção, como lembra o advogado modesto Carvalhosa, o maior especialista em combate à corrupção no direito brasileiro, e também há falhas relativas a lei, que podem ser lembradas na entrevista que Osvaldo de Mattos Filho deu ao jornal O Estado de S. Paulo, mas isso tudo nós estamos rezando para que não aconteça, e torcendo para ver.