O combustível da violência

  • Por Rachel Sheherazade/ JP
  • 02/06/2015 10h41
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Violência 250711

Em seu último artigo publicado na revista Veja, o jornalista José Roberto Guzzo descreveu o que vem a ser “a lenda da inocência dos criminosos”.

Trata-se da fábula social segundo a qual um criminoso não é um criminoso, a não ser que possua nível social e renda superiores.
“Se o autor (do crime)”, escreve Guzzo, “nasceu do lado errado da vida, cresceu dentro da miséria e não conheceu os suportes básicos de uma família regular, de uma escola capaz de tirá-lo da ignorância e do convívio com gente de bem (…) não é justo responsabilizá-lo”.

Em outras palavras bandido pobre não é bandido, é vítima da sociedade. Se a culpa é da sociedade, somos todos culpados pela violência. E o jornalista adverte: “nada como culpas coletivas para que não haja culpa alguma, para que todos ganhem o direito de se declarar em paz perante a própria consciência.

Segundo José Roberto Guzzo, a moda do momento é escandalizar-se com a proposta da redução da maioridade penal.

A crítica do colunista aos críticos da PEC é certeira.

“Alega-se que o número de menores que praticam crimes é muito pequena e que a mudança não iria resolver o problema da criminalidade. Quem está dizendo o contrário? O objetivo da medida é punir os delitos que hoje ficam legalmente sem punição. Nada mais. Também é verdade que os crimes não vão desaparecer com nenhum tipo de lei, e nem por isso se elimina o Código Penal”.

Brilhante Guzzo. Assim como não se pode atribuir a violência aos pobres, não é justo isentar criminosos de culpa por sua origem pobre.

A violência não nasce necessariamente da pobreza, como reza o imaginário social de esquerda. Ela é condição inerente ao ser humano: de abastados a desvalidos. Mas, a violência se retroalimenta do descaso do Estado, da inoperância da Polícia, da tolerância da Justiça. Impunidade. Esse é o combustível da violência.

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