O Estado Islâmico no Siraque e o estado islâmico iraniano

  • Por Caio Blinder
  • 15/09/2014 20h16
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David Haines teria sido decapitado por jihadistas

Reprodução David Haines decapitado

Há pouco mais de duas semanas o presidente americano não tinha uma estratégia para lidar com os jihadistas ensandecidos do Estado Islâmico. Agora combater o grupo é sua prioridade. Obama finalmente encontrou um inimigo: terroristas que barbarizam o Siraque, circulando nas suas camionetes, o “Toyota Army”, e, com frequência, crucificando e decapitando suas vítimas, como agora fizeram com o britânico David Haines.

Sem dúvida, é o espetáculo da barbárie. No entanto, Avi Issacharoff pergunta: como este “Toyota Army” pode representar um perigo maior no Oriente Médio do que o Irã das centrífugas e do urânio enriquecido, o país a caminho da bomba atômica e que opera células terroristas em todas as partes do globo, inclusive no quintal do Brasil?

David Sanger, o influente repórter global do New York Times alinha melhor o cenário de prioridades equivocadas do governo Obama. Ele lembra que até agora a prioridade número dos EUA no Oriente Médio era impedir o Irã de obter armas nucleares. Israel adverte que o foco no Estado Islâmico é uma distração desta prioridade. O regime xiita de Teerã pode achar que está no mesmo lado dos EUA neste combate ao terror sunita. Afinal, até agora Bashar Assad, o ditador sírio, protegido, financiado e armado pelos aiatolás, é o dirigente árabe que expressou mais entusiasmo com os planos de Obama de bombardear os terroristas do Estado Islâmico dentro do seu próprio país.

Autoridades israelenses advertem que o Estado Islâmico é um problema gravíssimo para os próximos cinco anos, enquanto o Irã é pesadelo para os próximos 50. O foco americano no terror sunita pode reforçar as ambições iranianas por domínio regional.

David Sanger lembra que os iranianos têm desrespeitado prazos para entregar material de suspeitas dimensões militares e deixam claro que não farão concessões no essencial até o prazo de 24 de novembro nas negociações: a habilidade para enriquecer urânio. A expectativa iraniana talvez seja arrancar mais compromissos ocidentais nas negociações nucleares.

Obama se diz empenhado em combater o terror do Estado Isâmico, mas não podemos esquecer que já existe um estado islâmico constituído e perigoso na regi ao: o Irã dominado pela teocracia xiita do aiatolá Khamenei.

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