O maior obstáculo de Hillary Clinton é ela mesma

Hillary Clinton

No final das contas, como sempre acontece depois das guerras civis das primárias presidenciais americanas, os partidários e simpatizantes dos democratas e dos republicanos vão cerrar fileiras com os respectivos vitoriosos.

No entanto, tudo está mais fácil para Hillary Clinton, que, salvo algum desastre, caminha para o triunfo entre os democratas. Ela deu um passo resoluto na noite de terça-feira, ao comandar o primeiro debate entre os cinco candidatos do seu partido. E por que é mais fácil para os democratas?

Claro que havia facas afiadas entre os debatedores, mas não tivemos as punhaladas desferidas entre os republicanos. O partido está dilacerado, não apenas nas primárias presidenciais, mas nas disputas no Congresso para escolher o nome que irá presidir a Câmara dos Deputados. E olha que os republicanos controlam as duas Casas do Congresso.

Nada disso serve para apaziguar os ultraconservadores. O espetáculo de cruenta guerra civil republicana é um deleite para os democratas. É evidente que existem pedras e minas no caminho de Hillary. Mas, seu desempenho seguro na terça-feira e os flagrantes dos limites de Bernie Sanders, seu concorrente à esquerda, tornaram ainda mais improvável a entrada em cena na última hora de Joe Biden, o vice- presidente. Para Biden, um salto de alto risco teria como impulso um fiasco de Hillary no debate.

Mas, ela se mostrou presidenciável, calibrando a mensagem que agrada a base mais de esquerda do partido sem asssustar o eleitorado em geral. O maior obstáculo diante de Hillary é ela mesma. Existe falta de confiança popular na ex-primeira-dama e ex- secretária de Estado. Pesquisas mostram que para a maioria dos americanos, ela não é transparente e exagera no oportunismo.

No entanto, a oportunidade está aí para Hillary. Emplacar na história como a primeira mulher na presidência americana. O quadro de calamidade entre os republicanos ajuda nesta ambição.