O New York Times e suas visões

  • Por Caio Blinder
  • 18/05/2016 08h45
EPA/Miguel Gutierrez/Agência Lusa Parlamento venezuelano

Sobre o Brasil, o New York Times, o mais importante jornal do mundo, publicou, na semana passada, um editorial equivocado, questionando o processo de impeachment de Dilma Roussef e, mais uma vez, recomendando a antecipação de eleições, Desta forma, mostrou desconhecimento dos detalhes legais e políticos no Brasil. 

Já sobre a Venezuela, o New York Times, ao menos, está mais próximo da realidade. O editorial, publicado na última terça-feira (17) é duro com o desgoverno de Nicolás Maduro e indica o caminho razoável que deve ser seguido pela oposição. Pois bem, um pouco de contexto. O esforço da oposição para afastar Maduro do poder por um referendo ganha apoio e o resultado é mais repressão chavista. 
 
Eu disse aqui, no Jornal da Manhã, que Maduro decretou o estado de emergência com o argumento fajuto de que precisa frear um golpe e confrontar as ameaças nacionais e internacionais contra o país. Como lembra o periódico de forma óbvia: as ameaças atuais diante da Venezuela não são resultado de conspirações domésticas ou estrangeiras, mas da desastrosa liderança bolivariana. 
 
Não vou me estender. Basta lembrar ao ouvinte brasileiro que a inflação este ano será de 500%, a carestia de gêneros básicos é estarrecedora e o sistema médico está atrofiado. Para desviar as atenções, a mais recente travessura do governo desgovernado é denunciar o impeachment de Dilma Rousseff e comprar encrenca com o governo Temer. Uma ironia ele questionar a democracia brasileira quando a oposição na Venezuela agora diz com todas as letras que existe uma ditadura no país.
 
A crise expoē as vazias promessas de Maduro e do seu mentor Hugo Chávez. O chavismo foi incapaz de construir algo que se assemelhe a uma economia sustentável. Foi, basicamente, beneficiado pela bonança do petróleo, responsável por 96% das exportações do país. Mas os preços caíram e o regime ameaça desabar de vez.
 
E qual é o papel da oposição? Uma ampla coalizão de partidos rivais congregada na Mesa de Unidade Democrática, que ganhou o controle da Assembleia Nacional, em dezembro passado, e é um sufoco negociar uma saída constitucional, pacífica e ordenada do poder com Maduro. O regime de Caracas reprime e, como aparelhou a Justiça e a comissão eleitoral, faz o que pode para prejudicar os trâmites para a realização de um referendo revogatório até o final do ano. 
A oposição pressiona com mobilização popular e, esta quarta-feira (18), será mais um dia de manifestações.

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