O novo normal Trump e os “fatos alternativos”

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 24/01/2017 08h00
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STX06 WASHINGTON (ESTADOS UNIDOS) 23/01/2017.- El presidente estadounidense, Donald Trump (c), se reúne con el director ejecutivo de la compañía Corning, Wendell Weeks y el director ejecutivo de Johnson & Johnson, Alex Gorsky (no en la imagen), en la Sala Roosvelt de la Casa Blanca en Washington, Estados Unidos, hoy, 23 de enero de 2017. El presidente de EEUU, Donald Trump, prevé emitir hoy una orden ejecutiva para iniciar la renegociación del Tratado de Libre Comercio de América del Norte (TLCAN o NAFTA), firmado con Canadá y México, y otra para retirar al país del Acuerdo de Asociación Transpacífico (TPP). EFE/Shawn Thew EFE/Shawn Thew Presidente dos EUA Donald Treump em reunião em Washington

Existem as formalidades do cargo. Presidente tem eventos, eventos, eventos. Faz reuniões, reuniões, reuniões. E solta declarações, declarações, declarações. No entanto, o presidente agora é Donald Trump. Começo de cargo é uma rota tortuosa para qualquer um. O caos faz parte do jogo. Com Trump, contudo, tudo é exagerado, grandioso, trumpesco.

Depois da posse na sexta-feira, Trump e alguns assessores foram realmente varzeanos, batendo boca com a imprensa sobre o número de torcedores, perdão, cidadãos, que prestigiaram a cerimônia. O novo líder do mundo livre continua tomando liberdade com os fatos. E sua assessora política, Kellyanne Conway, cunhou a preciosidade de que existem fatos e existem fatos alternativos.

Nenhuma surpresa, porém, que Trump não aja de forma presidencial. Caso se comportasse desta forma, ele iria decepcionar a imprensa ávida por factóides, alternativos ou não, e a massa de seguidores de um presidente, que está mais à vontade no papel de animador de auditório ou de líder de um difuso movimento populista.

Para Trump, não existe um muro entre a picuinha e o engajamento com situações que vão afetar o destino da humanidade. E nós precisamos nos acostumar, será o novo normal enquanto durar a sua presidência. Sempre haverá distrações e o jogo de empurra-empurra dos assessores. Uma hora, Trump estará descontrolado, tuitando sobre algum obscuro fato alternativo, na outra entretido em uma grave crise. No final das contas, incapaz de calibrar sobre a importância de cada coisa.

Trump tem pavio curto e tudo se agrava pois, além de ser genuinamente o novo senhor do Universo (ossos do ofício de presidente da única superpotência), ele se acha o centro do Universo.

Existe a versão trumpesca de que muito do que ele está fazendo nestes primeiros dias de governo é reagir com sua virulência habitual aos esforços para detonar sua legitimidade. E existe um fundo de verdade no queixume. Aqui, porém, é preciso alertar sobre o esforço de Trump para justamente remover a legitimidade dos fatos e literalmente vender a ideia de uma realidade alternativa. Essencial nesta tarefa é demonizar a imprensa sem tréguas, que meramente está fazendo seu trabalho para reportar inconveniências.

O plano é transformar a imprensa em sinônimo de notícias falsas. Fácil assim vislumbrar o que Trump e companhia farão assim que saírem números decepcionantes sobre empregos gerados no mês x ou sobre a taxa de aprovação do presidente no mês y.

Trump, metido a comediante, vai se comportar como um mestre no assunto, Groucho Marx, e de certa forma perguntar para a plateia, perdão, para a cidadania: vocês vão acreditar no que estão vendo ou no que eu estou falando?

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