O “plano Trump” para chegar à Casa Branca

  • Por Caio Blinder
  • 01/08/2016 09h44
CLE398 CLEVELAND (OH, EE.UU.), 21/07/2016.- El candidato republicano a la presidencia, Donald Trump, ofrece un discurso durante el día de cierre de la Convención Nacional Republicana 2016 hoy, jueves 21 de julio de 2016, en el Quicken Loans Arena de Cleveland, Ohio (EE. UU.). EFE/MICHAEL REYNOLDS EFE Campanha de Trump pede que Hillary renuncie - EFE

 Nos 100 dias que restam da guerra contra Hillary Clinton, a campanha de Donald Trump prepara um ataque em cinco frentes. E as táticas de fato podem levar o candidato republicano à Casa Branca.

A primeira é seduzir os simpatizantes de Bernie Sanders. Trump bate na tecla que os frustrados eleitores do senador radical de esquerda têm mais em comum com sua mensagem populista do que com a “trapaceira” Hillary. Não acredito que haja debandada para a banda de Trump dos sanderistas. A ajuda seria com o voto de um contingente deles para a candidata “verde” Jill Stein e não para Hillary.

A segunda tática é contar com os homens brancos furiosos. Este é o núcleo duro de Trump. São brancos de menor nível econômico e educacional que estão furiosos com tudo o que está aí. Trump não tem como conseguir a mesma votação (já em baixa) de republicanos anteriores entre mulheres e minorias. Haverá nova hemorragia. Logo, precisa aumentar ainda o voto entre homens brancos, especialmente no núcleo duro. Pode conseguir especialmente entre homens brancos que ainda votam nos democratas ou que não votam.

A questão das armas está no alvo. É a terceira tática. Trump vai disparar cada vez sua resistência contra qualquer tipo de controle de armas e mentir sem escrúpulos que Hillary Clinton é contra a Segunda Emenda da Constituição (1/3 dos democratas e independentes são proprietários de armas). Aqui o argumento não me parece convicente. O lobby das armas já é ferozmente pró-Trump e Hillary tem a ganhar ao insistir que chegou a hora de algumas medidas razoáveis de controle de armas, conforme deseja a maioria dos americanos.

Existe um argumento interessante em torno do modelo Brexit. Como no referendo Brexit, os eleitores de Trump estão mais motivados do que os de Hillary, a exemplo daqueles que votaram, em junho, pela saída britânica da União Europeia. Mas não sabemos ainda. embora seja indiscutível que vencerá, em novembro, o candidato que motivar mais gente a votar. 

E finalmente,Trump quer faturar com o mal-estar econômico generalizado. O desempenho da maior economia do mundo é morno. Basta ver os números do segundo trimestre com crescimento de apenas 1,.2%. A campanha de Trump investe em espasmos nostálgicos, com promessas inviáveis como trazer de volta ótimos empregos para a enferrujada base industrial americana. No entanto, a demagogia e falta de propostas específicas dão para o gasto.

Acredito que, no final das contas, estas propostas inviáveis e a genérica mensagem incendiária de um demagogo são os fatores mais potentes para Trump, além, é claro, do mero fato de não ser Hillary Clinton.

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