O populismo desenfreado está de volta

  • Por Caio Blinder
  • 28/05/2016 10h45
MIA09. JUPITER (FL, EE.UU.), 08/03/2016.- El magnate inmobiliario y aspirante presidencial Donald Trump habla hoy, martes 9 de marzo de 2016, tras imponerse en las elecciones primarias del Partido Republicano celebradas en Michigan (EE.UU.), llevándose así el estado más codiciado de la noche, según las proyecciones de los principales medios. Trump consiguió de esta manera la mayoría de los 59 delegados en liza en ese estado, insignia del antiguo apogeo industrial del país venido a menos con la desindustrialización y donde las encuestas ya le vaticinaban una importante ventaja frente a sus rivales. EFE/CRISTOBAL HERRERA EFE/CRISTOBAL HERRERA Magnata bilionário Donald Trump fala na Flórida nesta quarta (9)

 Eu tenho falado muito aqui no Jornal da Manhã da Jovem Pan das mazelas latino-americanas, do Brasil e da Venezuela. Entõa, vamos revisitar as agonias dos países ricos e solidamente democráticos, que se sentem frouxos. Vamos para a Europa e para os Estados Unidos.

A semana começou num sufoco na terra natal de Hitler. Por um triz, Norbert Hofer, do Partido da Liberdade, com sementes no nazismo, não foi eleito presidente da Áustria. Foi um alívio para o mundo civilizado. Tudo bem que o cargo seja cerimonial, mas de lascar o cenário de um extremista de direita ser chefe de Estado pela primeira vez na União Europeia.

Nos dois lados do Atlântico Norte, de fato, existe a sensação de que a democracia liberal está na defensiva, especialmente na Europa, onde o consenso moderado montado no pós-guerra está sob pressão. O centro ainda segura as pontas, mas, como eu disse, no sufoco.

A palavra de ordem é abaixo o establishment, brandida mesmo pelo bilionário demagogo Donald Trump (por este motivo é um demagogo). Existe a ofensiva contra as instituições tradicionais do mundo ocidental como Otan e União Europeia, tudo isto para a alegria de Vladimir Putin, que financia partidos de extrema direita na Europa.

No entanto, ainda não é o fim do mundo. Na França, a Frente Nacional de Marine Le Pen, é favorita para vencer as eleições presidenciais em 2017, mas os partidos tradicionais de direita e esquerda se mostram resilientes quando tudo parece desabar. O mesmo pode ser visto agora na Grã-Bretanha. Aproxima-se o referendo de 23 de junho sobre a permanência ou não do país na União Europeia e voto pelo sim se consolida nas pesquisas.

Em contrapartida, em países mais novos da União Europeia, como Polônia e Hungria, partidos com viés autoritário, se mostram cada vez mais sólidos e exercitam o poder de forma inquietante para quem preza os valores democráticos.

Dos dois lados do Atlântico, existe uma fúria protecionista, esposada por radicais de esquerda e de direita ou por demagogos como Donald Trump que jogam nas duas extremas. Exceto pela mensagem xenofóbica e anti-imigrante, o discurso do democrata Bernie Sanders é semelhante ao de Trump. Mesmo Hillary Clinton, acossada por Bernie nas primárias democratas, precisa pender para a esquerda populista e portar um escudo protecionista.

Existe um esforço para construir muros, o que colide com o sonho de um mundo sem fronteiras e sem tribalismos. A Europa que se ergueu dos escombros da Segunda Guerra Mundial justamente investiu no consenso moderado para frear os excessos nacionalistas.

O populismo desenfreado está de volta e obviamente o maior perigo seria o triunfo de Donald Trump nas eleições americanas de novembro. Cabe ao centro, representado por Hillary Clinton, segurar as pontas.

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