O problema não é a extensão do sigilo das delações, mas a cultura do vazamento
Parece que o Supremo Tribunal Federal promoverá um ajuste para deixar as futuras delações premiadas em sigilo por mais tempo. Muito bem. Mas e daí?
O problema não é a extensão do sigilo das delações. Mas a cultura do vazamento – que, vê-se, veio para ficar. A indústria do vazamento, essa em decorrência da qual sigilo nenhum – estendido ou não por lei – se sustenta. É sob esse sistema – que dilapida a segurança jurídica – que vivemos hoje no Brasil.
Para dar mais gravidade ao que já é escandalosamente grave, podemos chamar essa zona franca do vazamento de seletiva. Vaza-se, a conta-gotas, para fazer sangrar fulano. Há foco. E existe agora até o pré-vazamento, uma espécie de prévia, como se fosse um trailer no cinema, por meio do qual se anuncia o que será vazado amanhã.
Nesse processo, em que a presunção de inocência foi ignorada, temos pessoas já condenadas, contra os quais, porém, as investigações ainda não levaram a uma denúncia formal sequer.
Parabéns aos justiceiros.
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