O recado implícito dado por Gilmar Mendes é muito importante

  • Por Jovem Pan
  • 24/08/2015 13h32
BRASILIA,DF, BRASIL, 27-06-2013, 07h35: Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Medes, durante entrevista excluviva à Folha para o programa Poder e Política, no estúdio Folha/UOL. (Foto: Sergio Lima/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO*** Folhapress Gilmar Mendes participa da campanha Brasil Melhor

Qual é o significado dessa ordem que o ministro Gilmar Mendes, do STF e do TSE, deu para que o procurador-geral Rodrigo Janot apure se houve financiamento irregular da campanha de Dilma e Michel Temer na eleição de 2014?

Na semana passada, falou-se muito em alívio que o governo teve no Congresso e, sobretudo, no “acordão”. Se falou muito no “acordão”, que teria sido a consagração de Rodrigo Janot como seu próprio sucessor — Dilma o indicou, está praticamente certo de que ele será aprovado no Senado — e essa aprovação no Senado pode ter sido originada por uma promessa de aliviar um pouco a barra do Renan Calheiros.

Ele já não foi incluído na relação dos que receberam notificação do ministro Teori Zavascki, do Supremo, como Eduardo Cunha, presidente da Câmara, Fernando Collor de Mello e Solange Almeida, prefeita de Rio Bonito.

Não se pode dizer que isso indique alguma coisa, mas é bastante suspeito. Mas é da maior importância a notícia de que o ministro Gilmar Mendes mandou o procurador-geral da República Rodrigo Janot investigar as contas da campanha de Dilma Rousseff, que ele desconfia, a partir do noticiário da Operação Lava Jato, recebeu muito dinheiro de propina da Petrobras, porque mostra o seguinte: primeiro, que não basta Dilma se livrar do TCU e do processo da pedalada, porque vem em seguida o processo do financiamento da sua campanha.

O recado implícito dado por Gilmar Mendes é muito mais importante. Quem manda no procurador-geral não é a presidente da República. Ele pode fazer o acordo que ele quiser, em relação a quem punir, quem não punir, quem mandar investigar e quem não mandar, mas ele segue ordens dos 11 ministros do Supremo, entre os quais Gilmar Mendes.

Outra coisa: o Palácio já respondeu, dizendo que é tudo legal. Isso não é estar acima de qualquer suspeita, porque você pode receber uma doação legal originada por dinheiro sujo.

O importante é de onde veio o dinheiro, e isso pode ser provado pelo MPF. Se o MPF investigar, ele pode decidir se o dinheiro é legal mesmo desde a origem ou não.

Ou seja, está tudo em aberto como antes. Isso é da maior importância. Que não é para tranquilizar o governo, é para tranquilizar a nação que estamos em um estado democrático de Direito em que as leis são cumpridas.

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