Obra de Temer é precária, mas a fachada externa é mais vistosa

  • Por Caio Blinder
  • 24/05/2016 10h21
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BAS20. BUENOS AIRES (ARGENTINA), 23/05/2016.- El presidente argentino, Mauricio Macri (d), recibe al nuevo canciller de Brasil, José Serra (i) hoy, 23 de mayo de 2016, en Buenos Aires. Serra se reunió también con su homóloga argentina, Susana Malcorra, en el marco de su visita al país. EFE/Presidencia de Argentina/SOLO USO EDITORIAL EFE Serra e Macri

 A obra Temer é precária, submetida a rachaduras internas, mas, ao menos, a fachada externa se mostra mais resistente, mais vistosa. A narrativa do golpe contra Dilma pegou apenas em antros da esquerda mais atrasada na América Latina e no resto do mundo, ecoada por tipos como o suposto jornalista Glenn Greenwald.

À frente do Itamaraty, José Serra botou um pouco de ordem na casa, dando um basta à diplomacia do regime lulopetista manipulada pelo militante Marco Aurélio Garcia. Top top para ele. Existe um jogo de cadeiras no do Ministério das Relações Exteriores, com a promessa de ser profissional e voltado aos interesses nacionais e não aos de um partido corrupto. A ideia é acabar com a farra do BNDES para os hermanitos bolivarianos e as ditaduras mais asquerosas da África.

Estão aí as lições da Aliança para o Pacífico, formada por México, Colômbia, Peru e Chile. São países com bandeiras ideológicas diferentes, mas unidos pelo pragmatismo e pela visão ampla de negócios, não por anacrônicos rótulos ideológicos do antiamericanismo. Sob Serra, a ideia é tirar o mofo, com o Itamaraty deixando de acobertar regimes infames e falidos como o chavismo, revigorando as relações com quem realmente conta na América Latina, como México e Argentina e, sem dúvida, a construção da obra de Macri às margens do Rio da Prata é um estímulo de primeira para um novo rumo na navegação diplomática brasileira.

O novo cenário é visto do lado de fora como promissor, embora não haja ilusões sobre o grau de dificuldades. Felizmente, na semana passada, na OEA, países como os EUA e a própria Argentina desmontaram a narrativa golpista, enfatizando que a mudança de guarda em Brasília se insere na ordem constitucional e democrática. O chororô está sendo abafado pela serenidade.

E mesmo o jornal The New York Times, que publicou editorial equivocado sobre o Brasil, pedindo novas eleições e questionando o impeachment de Dilma Rousseff, entrou nos eixos com novo editorial na terça-feira.  O texto ressalta que a esquerda está sendo botada para correr na América Latina devido à corrupção generalizada e às péssimas escolhas econômicas.  O editorial não trata Dilma com indulgência e salienta as oportunidades com o novo cenário político, a destacar os de Brasil e Argentina.  São governos agora mais abertos à cooperação com os EUA.

O texto pede empenho de Washington para consolidar estas novas oportunidades, mas alerta que um futuro mais brilhante na América Latina irá depender de líderes dispostos a investir na prosperidade a longo prazo e reconhecer os colossais erros de seus predecessores.

O velho regime está desabando na América Latina e existe uma precária obra em construção. Na parte que toca ao Itamaraty, o seu patrono, o Barão do Rio Branco, disse o elementar:  “Um diplomata não serve a um regime e sim ao seu país.”

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