Obra de Temer é precária, mas a fachada externa é mais vistosa
A obra Temer é precária, submetida a rachaduras internas, mas, ao menos, a fachada externa se mostra mais resistente, mais vistosa. A narrativa do golpe contra Dilma pegou apenas em antros da esquerda mais atrasada na América Latina e no resto do mundo, ecoada por tipos como o suposto jornalista Glenn Greenwald.
À frente do Itamaraty, José Serra botou um pouco de ordem na casa, dando um basta à diplomacia do regime lulopetista manipulada pelo militante Marco Aurélio Garcia. Top top para ele. Existe um jogo de cadeiras no do Ministério das Relações Exteriores, com a promessa de ser profissional e voltado aos interesses nacionais e não aos de um partido corrupto. A ideia é acabar com a farra do BNDES para os hermanitos bolivarianos e as ditaduras mais asquerosas da África.
Estão aí as lições da Aliança para o Pacífico, formada por México, Colômbia, Peru e Chile. São países com bandeiras ideológicas diferentes, mas unidos pelo pragmatismo e pela visão ampla de negócios, não por anacrônicos rótulos ideológicos do antiamericanismo. Sob Serra, a ideia é tirar o mofo, com o Itamaraty deixando de acobertar regimes infames e falidos como o chavismo, revigorando as relações com quem realmente conta na América Latina, como México e Argentina e, sem dúvida, a construção da obra de Macri às margens do Rio da Prata é um estímulo de primeira para um novo rumo na navegação diplomática brasileira.
O novo cenário é visto do lado de fora como promissor, embora não haja ilusões sobre o grau de dificuldades. Felizmente, na semana passada, na OEA, países como os EUA e a própria Argentina desmontaram a narrativa golpista, enfatizando que a mudança de guarda em Brasília se insere na ordem constitucional e democrática. O chororô está sendo abafado pela serenidade.
E mesmo o jornal The New York Times, que publicou editorial equivocado sobre o Brasil, pedindo novas eleições e questionando o impeachment de Dilma Rousseff, entrou nos eixos com novo editorial na terça-feira. O texto ressalta que a esquerda está sendo botada para correr na América Latina devido à corrupção generalizada e às péssimas escolhas econômicas. O editorial não trata Dilma com indulgência e salienta as oportunidades com o novo cenário político, a destacar os de Brasil e Argentina. São governos agora mais abertos à cooperação com os EUA.
O texto pede empenho de Washington para consolidar estas novas oportunidades, mas alerta que um futuro mais brilhante na América Latina irá depender de líderes dispostos a investir na prosperidade a longo prazo e reconhecer os colossais erros de seus predecessores.
O velho regime está desabando na América Latina e existe uma precária obra em construção. Na parte que toca ao Itamaraty, o seu patrono, o Barão do Rio Branco, disse o elementar: “Um diplomata não serve a um regime e sim ao seu país.”
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