Ocidente lava as mãos e a complexa tragédia síria continua

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 19/02/2016 12h13
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XNM11 HOMS (SIRIA) 28/12/2015.- Fotografía facilitada por la agencia siria SANA que muestra a policías sirios que inspeccionan el lugar donde se ha producido un atentado en una zona residencial en Homs (Siria) hoy, 28 de diciembre de 2015. Al menos 32 personas murieron hoy y otras 90 resultaron heridas en un doble atentado en un barrio de mayoría alauí, secta a la que pertenece el presidente sirio, Bachar al Asad, en la ciudad central de Homs, según el Observatorio Sirio de Derechos Humanos. La ONG no descartó que aumente el número de fallecidos en este ataque, perpetrado en el distrito de Al Zahra, porque hay heridos en estado grave. EFE/Sana SÓLO USO EDITORIAL/PROHIBIDA SU VENTA EFE/Sana 32 morrem e 90 ficam feridos em duplo atentado na Síria

Sabemos que na guerra civil da Síria é difícil distinguir entre bandidos e mocinhos, mas podemos assegurar que alguns são mais bandidos do que os outros, como os grupos terroristas islâmicos, a começar o autointitulado Estado Islâmico. Outro inegável bandido de primeira classe é o regime genocida de Bashar Assad. Sabemos também quem são as maiores vítimas em uma guerra civil que por algumas estimativas já deixou um saldo de 500 mil mortos, meio milhão em cinco anos. Em sua maioria, as vítimas são civis.

Ajuda humanitária é urgente, impossível que chegue nas áreas controladas pelo Estado Islâmico e tampouco é fácil receber o sinal verde do regime de Assad. No entanto, caminhões das Nações Unidas começaram a chegar nas áreas sitiadas em Aleppo, em parte controladas por rebeldes que não pertencem ao Estado Islâmico e que estão cercadas pelas tropas pró-Assad.

Estas tropas incluem milícias xiitas coordenadas pelo Irã, o grande aliado de Assad, e na linha de frente estão os terroristas do grupo libanes Hezbollah. Tudo muito complexo. Sem esquecer que estes ataques por terra são apoiados pelos bombardeios de aviões russos. Sem o Irã e Vladimir Putin, Assad não teria virado o jogo na guerra civil.

Esta ajuda humanitária que começa a pingar faz parte das tratativas para que ao menos tenha lugar um cessar-fogo na guerra civil. Apenas uma trégua, na medida em que negociações de paz efetivas não são plausíveis neste momento.

Mas como implantar um cessar-fogo? Melhor não contar com isso. A Rússia já avisou que não parar de bombardear os chamados terroristas, ou seja, qualquer um que se oponha ao regime de Assad e o arco vai de rebeldes moderados armados pelo Ocidente a terroristas ensandecidos do Estado Islâmico. Esta turma da pesada não é alvo preferencial de Assad e de Putin.

O fato é que as forças governamentais tiveram ganhos expressivos nas últimas semanas em ataques apoiados pelos russos que não poupam escolas e hospitais. No mês passado, os responsáveis por mais mortes na guerra civil foram os russos e não as forças locais.

A prioridade de Assad é retomar Aleppo, com ou sem trégua. A cidade já foi a maior do país e hoje está devastada. Sua reconquista seria a maior vitória de Assad na guerra civil. Os combates criam cada vez mais refugiados e diante da inação ocidental a tendência de rebeldes moderados é aderir aos mais radicais, o que reforça a narrativa de Assad e de Putin de que na Síria o mundo deve escolher entre terroristas e o governo.

Enquanto isso, um país da Otan, a aliança militar ocidental, a Turquia, tem como prioridade na guerra civil síria atacar rebeldes curdos, que agora passaram a ser apoiados pelos russos. Nesta confusão, o Ocidente lava as mãos e a complexa tragédia síria continua.

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