Odebrecht ainda tenta reduzir multa de acordo de leniência com a Lava Jato
Ainda não está assinada a parte financeira das tratativas da empreiteira Odebrecht com a força-tarefa da Lava Jato no acordo de leniência que envolve multa bilionária e a delação de mais de 70 funcionários entre colaboradores e lenientes (estes, que não cometeram crimes, mas vão testemunhar). As informações são da colunista Jovem Pan Vera Magalhães.
A empresa deve concordar em pagar uma multa pesada pelos crimes que cometeu e confessa. O acordo de leniência é condição para que a Odebrecht volte a contratar com o poder público. O juiz Sergio Moro e os procuradores querem arbitrar o valor devolvido em R$ 6 bilhões, o que seria de longe a mais pesada multa até agora. Comparando, a Andrade Gutierrez ressarciu os cofres públicos em apenas R$ 1 bilhão em seu acordo de leniência, um sexto do exigido da Odebrecht.
Os advogados da Odebrecht, a maior empreiteira do País, que relutou por meses em colaborar com a Justiça, estimam que um valor razoável para a multa seria entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. Os defensores ainda não assinaram essa parte do acordo e querem negociar o valor.
Argumentos
Os advogados da empreiteira argumentam que a multa cobrada é muito elevada e elimina a capacidade de a empresa se recuperar financeiramente. Em crise também por causa dos efeitos da Lava Jato, a Odebrecht se desfaz de ativos em várias áreas, como saneamento e ambiental. Essas são áreas que não compõem o “core business” da companhia, a construção. Não haveria como a empresa desembolsar R$ 6 bilhões e continuar operando.
Além disso, argumentam os defensores, a empresa está fornecendo muitas informações em seu acordo de delação premiada, inclusive outros esquemas de corrupção e envolvimento de políticos de vários partidos, e os executivos não estariam pegando uma pena judicial tão baixa que justifique uma multa desse tamanho.
A Odebrecht quer um sistema de pesos e contrapesos que garanta que a empresa, depois de colaborar com a Justiça, possa continuar operando e se recuperando financeiramente, além de preservar os empregos da companhia.
No acordo, Marcelo, Emilio Odebrecht e outros executivos envolvidos no esquema terão de se afastar temporariamente da direção da empresa.
Agora é esperar e ver se Sergio Moro e a força-tarefa vão reabrir negociação para rever o valor da pena da Odebrecht, que contava com um setor específico para operacionalizar as propinas que a empresa pagava para obter licitações públicas, o chamado “Departamento de Operações Estruturadas”.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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