Olavo Bilac e Albert Einstein eram homens que amavam e ouviam as estrelas
Jornais destacam que pela primeira vez foram detectadas as ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein. Joseval Peixoto comenta o artido de Salvador Nogueira na Folha de São Paulo. Ele é o mesmo jornalista de ciência falou ao programa Radioatividade e explicou detalhes da descoberta:
É como se o espaço não fosse mais um vazio, e sim a superfície de um lago, que pode se esticar e encolher. Mesmo efeito como quando uma pedra é arremessada e causa pequenas ondas na água.
A “pedra” em questão foi a colisão de dois buracos negros a 1 bilhão de anos-luz de distância da Terra. O evento foi tão violento que, por um bilionésimo de segundo, produziu energia mais forte que todas as estrelas do universo somadas. Nós estamos “na beira do lago”.
Tudo se resumiu a uma série de tremulações no espaço detectadas um sistema de lasers. Foram construídas nos EUA duas instalações idênticas, em dois estados diferentes, Wahington e Louisiana. São circuitos em “L” de 4 km de distância.
Os lasers são constantemente refletidos em espelhos perfeitos. Qualquer minúscula variação do comprimento físico de um dos braços em L provocada por uma onda gravitacional geraria um desalinhamento entre os lasers dos dois braços e indicaria a passagem dessa onda.
O padrão das ondas se encaixou com incrível precisão ao fato previsto pela teoria de Einstein.
Agora poderemos ouvir o espaço, explica Nogueira. Há luzes que a gente não vê. É possível fazer novas detecções para estudar o universo sob uma nova perspectiva, uma vez que cientistas converteram o sinal das ondas gravitacionais em vibrações sonoras
Joseval Peixoto lembrou, então, de poema de Olavo Bilac que já falava sobre as belezas de “Ouvir Estrelas”. Leia:
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”
Albert Einstein, há mais de 100 anos, era um homem que amava as estrelas.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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