Omissão do Judiciário em delações da Odebrecht foi proposital

  • Por Jovem Pan
  • 19/04/2017 08h52
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Arco-íris ao entardecer visto da Estátua da Justiça. Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF (06/10/2011) Fellipe Sampaio/SCO/STF Estátua da Justiça que fica em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília

Há um entendimento tácito entre parte da força-tarefa da Lava Jato e colaboradores de que o poder Judiciário deve ser preservado da revelação de descalabros.

A colunista Jovem Pan Vera Magalhães ouviu um integrante da força-tarefa, um delator que não pertence à Lava Jato, um advogado que participou das delações e um funcionário da empresa.

Todos corroboram a versão de que Emílio e Marcelo Odebrecht participaram ativamente da “operação habeas corpus”, um acordo nos bastidores para que Marcelo Navarro fosse nomeado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela ex-presidente Dilma Rousseff a fim de tirar da prisão Marcelo Odebrecht e demais dirigentes de grandes empreiteiras, além de ex-diretores “explosivos” da Petrobras, como Renato Duque.

Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, não tinha delatado ainda. Integrantes do Supremo Tribunal Federal também estavam a par do acordo para livrar empreiteiros.

A colunista antecipou à Folha de S. Paulo em setembro de 2015 a movimentação nos bastidores. Relembre:

Está avançada uma articulação de políticos de vários partidos, membros do governo, ministros do Superior Tribunal de Justiça e advogados da Operação Lava Jato para que o STJ conceda nas próximas semanas habeas corpus para os empreiteiros Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo, presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, presos desde junho em Curitiba.

A mobilização temia que os executivos dessem detalhes sobre depósitos no exterior para bancar campanhas eleitorais recentes.

A nomeação de Marcelo Navarro para dar habeas corpus aos executivos foi depois confirmada na delação do ex-senador Delcídio do Amaral em sua delação premiada, que decidiu fazer em dezembro de 2015, após ser preso ao ser flagrado tentando evitar que Nestor Cerveró assinasse a colaboração com a Justiça. Delcídio fez o “leva-e-traz” entre o Palácio do Planalto e os empreiteiros com várias reuniões.

Vera Magalhães cobra explicações do procurador-geral Rodrigo Janot sobre a ausência de questionamentos para os patriarcas da Odebrecht e outros executivos da empresa a respeito do acordo nos bastidores.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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