Oposição amadurece e chavismo não terá vida longa na Venezuela

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 28/10/2016 07h28
CAR19. CARACAS (VENEZUELA), 26/10/2016.- Lilian Tintori (c-i), esposa del líder opositor preso Leopoldo López, participa en una manifestación hoy, 26 de octubre de 2016, en Caracas (Venezuela). Miles de opositores comenzaron hoy a concentrarse en varias ciudades del país para participar en la denominada "Toma de Venezuela", convocada en protesta contra lo que consideran una "ruptura del orden constitucional" tras la suspensión del proceso para celebrar un revocatorio presidencial del presidente venezolano, Nicolás Maduro. EFE/Cristian Hernández EFE/Cristian Hernández Lilian Tintori

Sabemos que com seu presidente podre, os trocadilhos frutificam sobre a Venezuela. Aqui vai mais um: a oposição amadurece. Nunca foi fácil congregar tantos partidos ao longo do espectro político. Claro que o inimigo comum, o chavismo, ajuda, mas a Mesa de Unidade de Democrática, MUD, passou anos atolada nos vacilos, rivalidades internas e picuinhas. Não mais.

O chavismo radicalizou e perdeu de vez os escrúpulos na semana passada ao suspender o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro. Por alguns dias, a MUD parecia perdida, mas se recompôs. Antes de tudo, não caiu na armadilha do diálogo mediado pelo Vaticano ao qual Maduro se agarrou para ganhar tempo e dividir a oposição. A MUD também soube liderar a massa nos protestos de quarta-feira, La Toma de Venezuela, que foram acima das expectativas.

Agora, tem um cronograma, tem um ultimato. Radicalizou, dando o troco ao chavismo. Haverá mais pressões nas ruas e na Assembleia Nacional (controlada pela oposição) até a próxima quinta-feira. E até lá, será uma eternidade. O plano é marchar rumo ao Palácio Miraflores, no centro de Caracas, bastião chavista.

Será a marcha caso o regime não recue e aceite realizar o referendo, conforme determina a Constituição. Por um tempo, o regime estimou que bastava colocar obstáculos no meio do caminho. Aí decidiu simplesmente fechar o caminho, ciente que o referendo resultará em uma derrota vexaminosa de Maduro. Difícil imaginar que o chavismo se dobre ao ultimato da oposição.

Há também a outra frente de pressão, esta na Assembleia Nacional, com a mobilização para o julgamento político de Maduro. Mas aqui se trata de um lance mais simbólico. O jogo para valer está sendo travado nas ruas.

A ditadura chavista mudou as regras do jogo e o desafio da oposição é radicalizar sem perder o controle da massa ou manter o seu pique. Não é fácil manter um movimento sustentável de protesto nas ruas e tampouco é fácil impedir uma escalada de violência.

O regime também tem o seu jogo. Na quinta-feira, anunciou um aumento de 40% dos salários, na véspera da greve geral desta sexta-feira, convocada pela oposição, e isto num país com inflação anual de 500% e com a economia devastada.

A curto prazo, a linha dura do chavismo se impôs. Além do aumento dos salários, pode vir o da repressão e das provocações das milícias chavistas. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, discursou pela televisão na terça-feira em uniforme de combate e terminou sua lenga-lenga com o punho erguido, bradando “vida longa, Chávez”.

Não, o chavismo não terá vida longa. Resta esperar que termine dobrado pelas pressões das ruas e não por uma espiral de violência.

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