“Panama Papers”, Putin e corrupção no Brasil são destaques internacionais

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 05/04/2016 09h50
Reprodução Capa do New York Times destaca a crise política no Brasil (Reprodução)

Vivemos em um mundo globalizado, mas obviamente somos provincianos, entretidos, felizes e amargurados no nosso quintal. No domingo, o mundo tomou nota do ventilador do Consorcio Internacional de Jornalistas Investigativos, que teve acesso à documentação do escritório panamenho Mossack Fonseca sobre o mundo e submundo das offshores e paraísos fiscais.

Sobrou literalmente para todo mundo: reis, presidentes, políticos, lavadores de dinheiro, traficantes, ricaços, gente menos rica, celebridades e anônimos.

A rede de revelações pegou dos países mais sofisticados e transparentes, como a Islândia, aos mais sórdidos, como ditaduras infames. Desde domingo, algum site ou jornal da Suécia dá detalhes sobre empresas e pessoas físicas suecas no listão. Mesma coisa na Índia, na Argentina ou no Brasil. Claro que se sabe mais em uma plena democracia, onde a imprensa pode trabalhar com liberdade.

No foco das revelações estão os suspeitos habituais, como a Rússia de Vladimir Putin. No entanto, nas primeiras 24 horas que se seguiram às revelações do consórcio de jornalistas investigativos no domingo, o aparato de comunicações russo controlado pelo Kremlin ignorou a história. Claro que o porta-voz do Kremlin não resistiu a uma pérola. Denunciou as revelações como putinofobia.

É o de sempre: putinetes, lulopetistas e chavistas vivem em um universo de paranoia, achando que denúncias contra corrupção que os envolvem fazem parte de uma trama golpista ou antipatrótica.

Bem, como eu disse, em cada país existe destaque para as suas empresas e a sua gente reveladas com o que foi espalhado pelo ventilador dos Panama Papers. Mas fascinante o que fez o New York Times, na sua reportagem de capa na edição de segunda-feira. Lá não estava um amplo noticiário sobre estas revelações, mas sobre o que título definiu como a “rede de corrupção que laçou o Brasil. De bônus, uma foto de Dilma Rousseff, ao estilo a pensadora.

A reportagem é imensa. O foco são as delações de Delcídio do Amaral, também com foto na capa, assim como o ex-presidente Lula. E a página 6 está totalmente ocupada pela reportagem.

Como diz o ótimo correspondente Simon Romero, as investigações da Operação Lava Jato oferecem um clarão sobre como um partido esquerdista que subiu ao poder prometendo acabar com a corrupção, acabou abraçando as práticas dos seus predecessores.

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