Parece que a loucura está no poder
Reinaldo, a loucura está no poder?
Tudo indica que sim, se não for coisa pior. Sabem quanto custou, em valor de mercado, só nesta quarta, a despencada das ações da Petrobras? R$ 13,9 bilhões. Caiu de R$ 128,7 bilhões para R$ 114,8 bilhões. Em 2010, segundo a Bloomberg, a estatal valia R$ 380,2 bilhões. Querem pôr a coisa de outro modo? Pois não! Em quatro anos, R$ 265,4 bilhões foram para o ralo, o que corresponde a 2,3 vezes o que a empresa vale hoje. Parece-me que isso diz muito do modo petista de fazer as coisas.
A operação de divulgação do balanço não poderia ter sido mais desastrada. A expectativa no mercado era imensa. As apostas sobre as perdas variavam de US$ 5 bilhões a US$ 20 bilhões. O comando da empresa, sob a liderança de Graça Foster, resolveu não fazer nada e ainda acusar, o que soou como acintoso, lucro.
Se a empresa tivesse admitido o prejuízo pelo topo, talvez as ações tivessem caído, como consequência, algo em torno de 11%. Como a direção da estatal resolveu enfiar a cabeça no buraco e fazer de conta que nada aconteceu, as ações… caíram algo em torno de 11%.
Sempre achei Dilma Rousseff incompentente, como ministra e como presidente. E sempre acrescentei a essa constatação uma outra: ela é competente em criar a fama que é competente. Esse mal, admito, é uma marca registrada do PT, mas da soberana especialmente saliente. Para arremate dos males, ela tem como homem forte do governo Aloísio Mercadante. Aí, meus caros, conforme comentei no editorial de ontem e no Pingos nos Is, a contribuição ao erro não tem como não ser bilionária.
Eu fico cá me perguntando que espírito ruim fez com que a Petrobras divulgasse, praticamente no dia que a presidente realizava a primeira reunião do segundo mandato, o seu balanço de mentira, o seu balanço falso, o seu balanço de vento. E com uma nota perversa, a peça de ficção veio a público na calada da noite.
O principal demonstrativo daquela que já foi a maior empresa do país, antes da rapinagem petista, ganhou ares de peça clandestina. Seus subescritores se esgueiraram nas sombras como marginais. Dilma faz seu discurso anunciando novas auroras e a mulher que escolheu para comandar a Petrobras, Graça Foster lidera uma patuscada. O cálculo é da própria Petrobras e conta com um prejuízo irreversível de R$ 3,2 bilhões.
As ações da empresa entraram em queda livre nesta quarta. O Brasil não é a Venezuela, felizmente, o Brasil tem mercado. Reitero: é impressionante que os dois eventos tenham se dado quase ao mesmo tempo. A reunião ministerial e a divulgação dos números da empresa. É inescapável concluir: sabe quanto vale o discurso de Dilma? O que vale o balanço da Petrobras. Sabe quanto vale o balanço da Petrobras? O que vale o discurso de Dilma.
Pergunta-se: é essa presidente que precisa inspirar confiança nos agentes econômicos? Qual será o comportamento daqueles que deveriam apostar no Brasil? Investir no país ou se proteger do seu governo e dos irresponsáveis que hoje comandam seu destino? Pior! A decisão de divulgar um balanço não auditado, que ignora o prejuízo, passa a impressão de que sim!, essa gente que nos governo é capaz de qualquer coisa.
Em seu discurso de ontem, Dilma citou a palavra Petrobras oito vezes. Destaco dois trechos: “A Petrobras já vinha passando por rigoroso processo de aprimoramento de gestão. A realidade atual só faz reforçar nossa determinação de ampliar na Petrobras a mais eficiente estrutura de governância e controle, que uma empresa estatal ou privada já teve no Brasil”.
E mais adiante: “Temos que continuar acreditando na mais brasileira das empresas, a Petrobras”. Santo Deus! Não é possível acreditar nem no balanço da empresa. Eu me pergunto, e não estou fazendo ironia, se Dilma está bem da cabeça. O conjunto da obra nesta terça e madrugada de quarta pode indicar que não, nem seria inédito.
O Brasil já foi governado, como sabe o Professor Marco Antônio Villa, por um doido clínico: Delfim Moreira, entre 15 de novembro de 1918 e 28 de julho de 1919. Na prática, quem tocava o país era o ministro da Viação e Obras Públicas Afrânio de Melo Franco. Em 2015, temos Aloísio Mercadante.
Eu poderia encerrar assim: que Deus tenha piedade da gente, já que o eleitor não teve. Mas Deus definitivamente não tem nada a ver com isso, porque Deus não corrige o voto, só os eleitores brasileiros podem fazê-lo.
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