Pessoa, um dos homens-bomba contra o PT, prestará depoimento à Justiça Eleitoral

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 15/09/2015 10h05
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Presidente da construtora UTC Marcos Bezerra/Futura Press/Folhapress Presidente da construtora UTC

O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e da Constran, que fez acordo de delação premiada, vai depor na Justiça Eleitoral, no âmbito da ação movida pelo PSDB. Os tucanos acusam a chapa encabeçada por Dilma Rousseff de ter cometido abuso de poder político e econômico e ter usado recursos ilegais da Petrobras.

Como se sabe, Pessoa diz ter doado R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma em 2014 porque foi constrangido pelo agora ministro Edinho Silva (Comunicação Social), que lhe teria lembrado os múltiplos contratos que mantinha com a Petrobras. Uma doação, então, de R$ 10 milhões foi combinada, mas só R$ 7,5 milhões foram pagos porque Pessoa acabou preso pela Operação Java-Jato.

Esse depoimento estava marcado para julho. João Otávio de Noronha, relator do caso no TSE, preferiu, no entanto, consultar o ministro Teori Zavascki, do STF, sobre a conveniência do depoimento, já que a delação de Pessoa estava sob sigilo — está ainda — e não tinha sido homologada. Agora, já foi. E o ministro liberou Pessoa para depor como testemunha.

Pois é… O empresário não tem nenhuma razão para contar na Justiça Eleitoral uma história diferente daquela contada à força-tarefa. Ele deve dizer, com todas as letras, que sofreu, sei lá como chamar, uma espécie de delicada extorsão. É bom lembrar que, caso a Justiça Eleitoral decida que houve crime, a chapa que elegeu Dilma pode ser até cassada — e isso incluiria o vice, Michel Temer.

O caminho da Justiça Eleitoral, no entanto, é lento. E é preciso dizer tudo ao leitor para não alimentar expectativas que podem não se cumprir. O PT declarou os R$ 7,5 milhões — vale dizer: a doação foi feita por dentro, ainda que o empresário diga que foi pressionado e que o dinheiro tinha origem no propinoduto. Se não houver outra prova além do testemunho — nunca se sabe —, é pouco provável que esse depoimento possa resultar em algo mais grave para Dilma. O caminho mais curto para a presidente eventualmente perder o mandato continua a ser o impeachment.

Em presença
Nesta segunda, também veio a público outra parte da delação de Pessoa. Ele afirmou que Aloizio Mercadante, hoje ministro da Casa Civil, presenciou, em sua própria casa, o pedido feito para que a UTC doasse pelo menos R$ 250 mil em espécie para a sua campanha ao governo de São Paulo, em 2010. A solicitação teria sido feita por Emídio de Souza, hoje presidente do diretório estadual do PT. João Santana, presidente da Constran, outra empresa que pertence a Pessoa, também teria estado presente à reunião. Mercadante confirma o encontro em sua casa, mas nega que tenha havido o pedido. E diz que o total de R$ 500 mil doados pela UTC foram declarados à Justiça.

O empreiteiro afirmou ainda que, em 2010, doou R$ 500 mil à campanha ao Senado de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), R$ 200 mil dos quais em dinheiro, pelo caixa dois, o que teria sido feito a pedido do agora senador. O encontro teria ocorrido no escritório político do tucano. Nunes nega ter tratado de contribuição diretamente com Pessoa e diz que o depoimento é um equívoco.

Para lembrar: a Procuradoria-Geral da República já solicitou a abertura de inquérito para apurar as atuações de Edinho Silva, de Aloizio Mercadante e de Aloysio Nunes Ferreira. A abertura do inquérito contra Edinho já foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki, relator do petrolão. Os outros dois casos estão fora desse escândalo e têm Celso de Mello como relator. Ele ainda não decidiu.

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