Petistas querem desmoralizar as CPIs

  • Por Jovem Pan
  • 15/05/2014 11h43

Reinaldo, por que você diz que os petistas se organizaram para desmoralizar as CPIs?

Porque eles a tratam como instrumento de vingança, e não é uma desmoralização qualquer não. É feita com método, afinal, todos por ali seguem a máxima de seu moralista mor, Luís Inácio Lula da Silva, que já repetiu o lendário político pernambucano Gabenon Magalhães, que morreu em 1952, segundo quem, “em política feio é perder”.

Ora, se em política feio é perder, então tudo e qualquer coisa são permitidos para ganhar, certo? A política se torna o terreno privilegiado do amoralismo. A CPI da Petrobras do Senado já foi instalada e já fez as suas primeiras convocações. À primeira vista seria uma coisa para valer, afina há lá 35 nomes. Entre eles estão Graça Foster, José Sérgio Gabrielli e Nestor Cerveró.

Ocorre que é tudo mentirinha. Os governistas já escreveram o roteiro, eles já decidiram que vão fazer inveja a Marcelinho, o levantador do vôlei nos seus momentos mais gloriosos. Tome bola na rede, redondíssima para a turma cortar.

Das 13 cadeiras, apenas 3 cabem à oposição. Como o PSDB e o DEM se negaram a fazer indicação, porque querem a CPI mista, Renan escolheu os três oposicionistas, todos de Goiás. Lúcia Vânia, do PSDB e Wilder Moraes do DEM, recusaram o lugar. Cyro Miranda, que é tucano, decidiu participar, o que me parece um erro flagrante. Ele propôs, por exemplo, a convocação de Lula, que foi, claro rejeitada.

Essa maioria esmagadora serviu ainda para ampliar o escopo da CPI, abrindo uma investigação sobre o repasse de recursos federais para a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A acusação de fundo é que gente do governo Campos desviou recursos da obra.

A coisa não para por aí. Senadores teleguiados pelo Planalto se preparam para investigar o naufrágio da plataforma P-36 da Petrobras, ocorrido em 2001, durante o governo FHC. Entre os convocados, ninguém menos do que o então diretor geral da Agência Nacional de Petróleo, David Zilberstein, ex-genro do presidente tucano.

Notem bem, a coisa aconteceu há treze anos, o PT está no poder há quase 12, e só agora decidiu levar a questão para a CPI. Para investigar? Não, só pra tentar encurralar a oposição. Afinal, se o roteiro ensaiado com Graça Foster será suave, tudo conforme o combinado, a agressividade será reservada a Zilberstein e a eventuais pessoas ligadas a Eduardo Campos.

De resto pergunte-se: O que uma agência reguladora tem a ver com o afundamento de uma plataforma? A resposta óbvia é: nada. A CPI do Senado é um mal disfarçado pelotão de fuzilamento mirando as suas armas para a oposição. Não sei o que o senador Cyro Miranda faz lá, sua presença, em certa medida, só co-nesta a farsa.

 

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