PF e procuradores devem achar conexões para comprovar delação de Pessoa
Pergunta: Em que muda o progresso das investigações na Operação Lava Jato com a assinatura do acordo de delação premiada, firmado entre Ricardo Pessoa, presidente da UTC e o Ministério Público, com o aval do Procurador Geral, Rodrigo Janot?
Resposta: É muito grande a expectativa da nação em relação ao que tem a contar Ricardo Pessoa, dono da UTC, aos procuradores federais, à Polícia Federal e à Justiça Federal do Paraná, depois que assinou, em Brasília, o contrato de delação premiada.
Acontece que, em 28 de abril, quando ele foi solto e teve que ficar em casa com tornozeleira, por decisão da turma do Supremo, houve grande comemoração de áreas ligadas ao PT e ao governo, por que uma das acusações mais comuns que se faz ao juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, é que ele usa o constrangimento da prisão, que não é grande, para forçar os empreiteiros, principalmente, a partirem para a delação premiada. Isso agora se provou que não é verdadeiro.
O Ricardo Pessoa, ao contrário do que esperavam esses que comemoraram, e a exemplo do que pensavam muitos procuradores, que chegaram a manifestar isso, sofreu uma pressão grande da família. A pressão ficou maior ainda quando ele saiu da prisão e voltou pra casa.
O certo é que ele assinou um contrato e, pra assinar esse contrato, ele já deu de lambuja para a justiça nomes como Roseana Sarney, ex-governadora do Maranhão, filha de José Sarney, aliado de Dilma Rousseff; Edson Lobão, aliado de Sarney, senador do PMDB também no Maranhão, e ministro de minas e energia nos governos Lula e Dilma, tido como uma pessoa muito próxima a Dilma.
Além disso, ele deu também um aperitivo em relação a João Vaccari Neto, que o PT vive defendendo. Isso é muito importante porque o Vaccari é testemunha fundamental daquilo que os procuradores alegam que acontece.
O PT alega que recebeu doações legais para o seu caixa, doações que também foram feitas pelas empreiteiras aos principais partidos da oposição, PSDB e DEM, na mesma proporção.
O problema todo é que a delação premiada não resolve. É preciso que a Polícia Federal e os procuradores encontrem conexões documentais que comprovem aquilo que vários delatores premiados e agora, certamente, Ricardo Pessoa será acrescentado a eles, fazem de ter feito acordo com o PT, de que as propinas seriam transformadas em doações legais.
O PT já está respondendo antecipadamente a possível delação de Ricardo Pessoa, acusando o PSDB. Agora, se é preciso provas contra o PT, também é preciso prova contra o PSDB, com um problema: contra o PT já existe testemunho de muita gente, e se espera testemunho pesado de Pessoa.
Ele é chamado por “O Cara”, por Eliane Cantanhede, em sua coluna sobre política no jornal Estadão. E ele parece mesmo ser o cara nessa história. Afinal, como num cartel formado por Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e outras.
Um ex-empregado da OAS, que fez a própria empresa, que fez seu voo solo, se torna coordenador do cartel. Ele deve ter padrinho forte. A questão agora é ver se ele delata o padrinho forte que teve, para explicar essa contradição, em termos.
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