PF e procuradores devem achar conexões para comprovar delação de Pessoa

  • Por Jovem Pan
  • 16/05/2015 09h08
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SÃO PAULO, SP - 14.11.2014: OPERAÇÃO LAVA JATO - O empresário Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC, chega à sede da PF, em SP - A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (14) mandados de prisão e de busca e apreensão durante Operação Lava Jato. As buscas são concentradas em 11 grandes empreiteiras. Os grupos investigados registraram, segundo dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), operações financeiras atípicas num montante que supera R$ 10 bilhões. (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress) Zanone Fraissat/Folhapress O empresário Ricardo Pessoa

Pergunta: Em que muda o progresso das investigações na Operação Lava Jato com a assinatura do acordo de delação premiada, firmado entre Ricardo Pessoa, presidente da UTC e o Ministério Público, com o aval do Procurador Geral, Rodrigo Janot?

Resposta: É muito grande a expectativa da nação em relação ao que tem a contar Ricardo Pessoa, dono da UTC, aos procuradores federais, à Polícia Federal e à Justiça Federal do Paraná, depois que assinou, em Brasília, o contrato de delação premiada.

Acontece que, em 28 de abril, quando ele foi solto e teve que ficar em casa com tornozeleira, por decisão da turma do Supremo, houve grande comemoração de áreas ligadas ao PT e ao governo, por que uma das acusações mais comuns que se faz ao juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, é que ele usa o constrangimento da prisão, que não é grande, para forçar os empreiteiros, principalmente, a partirem para a delação premiada. Isso agora se provou que não é verdadeiro.

O Ricardo Pessoa, ao contrário do que esperavam esses que comemoraram, e a exemplo do que pensavam muitos procuradores, que chegaram a manifestar isso, sofreu uma pressão grande da família. A pressão ficou maior ainda quando ele saiu da prisão e voltou pra casa.

O certo é que ele assinou um contrato e, pra assinar esse contrato, ele já deu de lambuja para a justiça nomes como Roseana Sarney, ex-governadora do Maranhão, filha de José Sarney, aliado de Dilma Rousseff; Edson Lobão, aliado de Sarney, senador do PMDB também no Maranhão, e ministro de minas e energia nos governos Lula e Dilma, tido como uma pessoa muito próxima a Dilma.

Além disso, ele deu também um aperitivo em relação a João Vaccari Neto, que o PT vive defendendo. Isso é muito importante porque o Vaccari é testemunha fundamental daquilo que os procuradores alegam que acontece.

O PT alega que recebeu doações legais para o seu caixa, doações que também foram feitas pelas empreiteiras aos principais partidos da oposição, PSDB e DEM, na mesma proporção.

O problema todo é que a delação premiada não resolve. É preciso que a Polícia Federal e os procuradores encontrem conexões documentais que comprovem aquilo que vários delatores premiados e agora, certamente, Ricardo Pessoa será acrescentado a eles, fazem de ter feito acordo com o PT, de que as propinas seriam transformadas em doações legais.

O PT já está respondendo antecipadamente a possível delação de Ricardo Pessoa, acusando o PSDB. Agora, se é preciso provas contra o PT, também é preciso prova contra o PSDB, com um problema: contra o PT já existe testemunho de muita gente, e se espera testemunho pesado de Pessoa.

Ele é chamado por “O Cara”, por Eliane Cantanhede, em sua coluna sobre política no jornal Estadão. E ele parece mesmo ser o cara nessa história. Afinal, como num cartel formado por Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e outras.

Um ex-empregado da OAS, que fez a própria empresa, que fez seu voo solo, se torna coordenador do cartel. Ele deve ter padrinho forte. A questão agora é ver se ele delata o padrinho forte que teve, para explicar essa contradição, em termos.

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