Piada maior do que o relatório de Fonseca é Cunha ainda ser deputado
Sem nenhum receio de parecer ser aquilo que de fato é, mero esbirro de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) fez o que dele se esperava. Relator na Comissão de Constituição e Justiça do pedido de Cunha para anular o processo no Conselho de Ética, Fonseca deu provimento a apenas uma das 16 reclamações do processado. Só que não foi um acolhimento qualquer: o relator está pedindo pura e simplesmente que se faça uma nova votação no Conselho de Ética.
Vamos ver qual é o busílis. A votação no Conselho do relatório de Marcos Rogério (DEM-RO) poderia ter sido feita no painel eletrônico, como é praxe. Houve, no entanto, um requerimento, aprovado pelo Conselho, para que a votação fosse nominal, com o parlamentar fazendo declaração de voto.
A defesa de Cunha argumenta — e Fonseca concordou — que isso pode ter interferido no resultado, criando o tal efeito manada. Segundo o deputado do PROS, isso tornou a votação viciada e sem efeito. Seria preciso, pois, realizá-la de novo.
Sem dúvida, as ambições de Cunha no seu recurso eram muito maiores. Ele apresentou nada menos de 16 restrições. Queria a nulidade de todo o processo, com a indicação, inclusive, de um novo relator. Alegou que Rogério deveria ter abandonado a função quando migrou do PDT para o DEM, partido que participou do bloco que o elegeu presidente. Ocorre que o relator, segundo o Regimento, não pode pertencer ao partido ou bloco do processado. Nada tem a ver com a eleição de presidente da Casa.
Cunha, ora vejam!, embora satisfeito com o voto, ainda se fez de descontente e disse discordar do relatório. Ele queria mais. Ele queria tudo! E agora? A discussão e a votação do documento ficaram para segunda (11), às 16h. Tanto Cunha como seu advogado, Marcelo Nobre, poderão falar. Cada membro da CCJ poderá discursar por 15 minutos; deputados não membros, por 10. É pouco provável que a coisa termine na segunda.
A CCJ é composta de 66 deputados. A expectativa que se tem é que o relatório de Fonseca seja rejeitado. E aí se esgotaram, até onde a vista alcança, as chances de chicana de Eduardo Cunha. Seu destino estará, então, entregue ao plenário da Câmara, que vai decidir se ele quebrou ou não o decoro ao dizer que não tinha contas no exterior. O que ele alega? Que tem dinheiro, não conta. E que esse dinheiro integra um “trust”, que conta não é.
Sei que parece piada, mas é assim!
Bem, a piada maior é Cunha ainda ser deputado, certo?
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