Pingo Final: acusação prejudica o governo porque põe Congresso em polvorosa

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 16/06/2016 11h28
Marcelo Camargo/ Agência Brasil Michel temer - AGBR

A acusação feita por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, segundo o qual Michel Temer lhe pediu dinheiro para a campanha de Gabriel Chalita, em 2012, prejudica o governo? Bom não é, mas também não é uma sangria desatada. Em nota oficial, a assessoria do presidente negou de forma peremptória que a conversa tenha acontecido.

Pior para o Planalto, se querem saber, é a abrangência da acusação, não a particularização em Temer. É evidente que a coisa gera um mal-estar suprapartidário. Nem o PT está fazendo tanto escarcéu, não é? Afinal, teria de dizer por que acredita nesse delator, mas diz que os outros integram um grande complô.

Machado andou contando histórias esquisitas. Afirmar que, em 1998, o PSDB recorreu a um esquema paralelo para eleger pelo menos 50 deputados que, futuramente, ajudariam a fazer Aécio Neves presidente da Câmara é fantasia avessa aos fatos. Que o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros possa ter atuado como uma caixa informal de campanha é outra coisa absolutamente improvável.

Fiquemos, então, no caso de Temer. Quem o conhece sabe que muito dificilmente manteria uma conversa pedindo dinheiro a Sérgio Machado, homem que nunca foi de suas relações pessoais. Mais: pertencia à turma de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que, por sua vez, nunca pertenceu à turma de Temer.

Por que um vice-presidente da República manteria uma conversa tão explícita com Machado, o que sempre implica ficar em débito com a pessoa e ter de, em algum momento, pagar? Que se investigue, claro!, mas também essa história parece fantasiosa.

O problema é de outra natureza. Uma delação como essa põe o Congresso em polvorosa e dificulta a criação de uma agenda. As lideranças políticas passam boa parte do tempo apenas se defendendo.

E se sabe que isso pode não ser o pior. Há ainda, quando houver, a “Lista da Odebrecht”, que parece ser bem mais ampla do que a de Machado. E igualmente suprapartidária.

A crise vai longe.

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