Pingo Final: Bater panela contra Dilma era pedir cumprimento da lei; contra Temer é se opor à lei

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 16/05/2016 11h59
Reprodução/Youtube Panelaço

Olhem aqui: uma das coisas que a todos igualam é o direito de bater panelas. Não gostou de alguma decisão do poder público? Ok! Às panelas! Consta que, em cidades de pelo menos cinco Estados, a percussão voltou a ser ouvida durante a entrevista de Michel Temer a Sônia Bridi no Fantástico. Em meio ao barulho, gritos de “golpista”.

Bem, não é preciso ser bidu para saber a origem. Petistas e esquerdistas estavam se manifestando. É ridículo, mas, reitero, eles têm esse direito. Aliás, algo no fundo da alma dessas pessoas deve lhes provocar um prazer perverso, não? Há muito exibiam vontade de protestar, de botar pra fora seu fel… Estavam à cata de causas.

E por que classifico de ridícula a manifestação de agora, à qual devem ter aderido também os admiradores de Marina Silva? O que distingue esse panelaço daqueles que passaram a perseguir Dilma Rousseff?

Ora, naquele caso, tratava-se de protestar contra o governo mais corrupto de que se tem notícia no mundo. Se a senhora presidente afastada encheu ou não a bolsa de dinheiro, isso é irrelevante. Os cleptocratas estavam no comando. Não só isso! Dilma conduziu o país à ruína econômica e aplicou o maior estelionato eleitoral da história.

Quando os brasileiros iam bater panela contra a agora presidente afastada, eles o faziam, pois, contra a corrupção, contra a desordem, contra o estelionato e, por óbvio, em favor do impeachment. O barulhaço cobrava o cumprimento da lei.

Quem resolveu protestar neste domingo estava se manifestando contra qual medida de Temer, se ainda não há nenhuma? Estava demonstrando seu desagrado com qual decisão do governo, se nada, até agora, foi anunciado porque, afinal, nem houve tempo? Estava se posicionando contra qual mudança de rumo, se mudança ainda não houve? Ou melhor: os dois anúncios feitos pelo presidente são positivos. Refiro-me ao corte de ministérios e à decisão de demitir ao menos 4 mil comissionados. Nesse caso, gente com vergonha na cara aplaude, não vaia.

Para ser mais claro: quem batia panela contra Dilma estava pedindo o cumprimento da lei. Quem bateu panela contra Temer estava se opondo ao cumprimento da lei. Assim, existe um jeito civilizado de se entregar às caçarolas e um jeito brucutu.

Mas viva a vaia. Viva o direito de bater panelas. Até por maus motivos.

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